São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Couraça

Para quem vive na blogosfera brasiliense e não compreende as pesquisas, em especial as qualitativas, a entrevista de Carlos Alberto Parreira a Fabio Altman, na "IstoÉ", pode ser útil. O treinador compara seu papel ao de Lula:
- O presidente é cobrado diariamente, não dão colher de chá. É crítica aqui, é charge ali, é CPI. Mas no período da Copa, já a partir da convocação, serei mais cobrado que ele. Vão esquecer um pouquinho o presidente.
Pergunta e resposta:
- O senhor tem nova chance. Lula merece também?
- O Lula é um fenômeno. Nesta crise toda pela qual o PT passou, manteve intocados os índices de popularidade. É um homem de valor e carisma impressionantes. O Lula ganhou e o Brasil não afundou, ao contrário. A economia melhorou, a inflação não aumenta. O governo dele tem sido bom.
Mais à frente:
- O senhor acompanha a crise do mensalão?
- No início acompanhei, mas já não dá mais. Chega um ponto em que a gente cansa.
 
De outra entrevista que ecoou on-line no domingo, de Roberto Busato, presidente da OAB, ao blogueiro Magno Martins, da Agência Nordeste:
- A crise é grave, gravíssima, e bem mais extensa e profunda que a do governo Collor. Mas, por circunstâncias sociologicamente complexas, não produz a mesma mobilização nas ruas. Não há caras-pintadas nem ambiente popular de rejeição ao presidente. Ao contrário, ele continua liderando as pesquisas para sua sucessão.
 
De volta ao futebol, o "Guardian" tratou a recusa da seleção inglesa por Luiz Felipe Scolari como "humilhação devastadora". Reproduziu a justificativa do "assédio de mídia", "20 repórteres na minha casa", mas duvidou um pouco:
- As declarações são bizarras. A experiência de dirigir o Brasil, enfrentando um dos maiores escrutínios de mídia de todo o planeta, indicava que ele tinha couraça de ferro.
 
De volta à política, Marcos Coimbra, do Vox Populi, é voz contrastante. Na Jovem Pan, chamou a vantagem de Lula de "um pouco ilusória".

A CÉU ABERTO

Reprodução
No "Jornal Nacional", cena da peça "BR3", com um palco flutuante no rio Tietê

Na home do "New York Times", dias atrás, mas não em despacho de Larry Rohter, "Esgoto a céu aberto de São Paulo vira palco". É "BR3", que também freqüentou o "JN" com cenas dantescas. Do NYT.com:
- A água é um desenrolar oleoso de lixo, restos e de poluição industrial. É no caminho do aeroporto, dando um vislumbre do lado áspero do Brasil. Se todo o mundo é um palco, o sujo Tietê é o lugar perfeito...
É a metáfora perfeita para uma cidade e um país bem diferentes, no novo século. No dizer do diretor Antônio Araújo, ao "JN", a peça permite outro "olhar" sobre uma outra São Paulo -e um outro, novo Brasil.

FRASE

"Depois de revelar que os hábitos alcoólicos do presidente eram "preocupação nacional", o correspondente do "NYT" decreta que somos uma nação com queda para o sexo anal" Do blog de Sérgio Dávila, no UOL, em crítica à reportagem de Larry Rohter com Bruna Surfistinha, na semana passada

Especificamente
Lula, em cadeia nacional, no meio do "Fantástico" e do "Domingo Espetacular", até admitiu que nem tudo está bem. Mas ele se referia à economia, nada de mensalão.
No PT, nada também. Globo News, em manchete:
- O envolvimento de petistas com o mensalão entrou em debate no último dia do encontro do PT. Mas, punição, só depois das eleições.
Da repórter:
- Em relação ao mensalão, nada foi dito especificamente.
E na Jovem Pan:
- PT adia discussão sobre envolvidos no mensalão.

Não quer ver
Mas os petistas não têm outro assunto a enfrentar. Da escalada do "JN", anteontem, enquanto outros diziam que "o PT aprova alianças amplas":
- O PT decide a estratégia de alianças para a eleição e não exclui partidos envolvidos no escândalo do mensalão.
Aqui e ali, alguns bem que são excluídos. De Kennedy Alencar, ontem na Folha Online:
- Lula já enviou recado a José Dirceu, cujo mandato foi cassado no escândalo. Não quer vê-lo fazendo articulações para a sua reeleição.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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