São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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Sem PF, Câmara pode ser usada para ações ilícitas, afirma Tarso

Segundo o ministro, suspeitos escolherão os corredores da Casa para contatos ilegais se polícia for impedida de atuar lá

Declaração é resposta a Chinaglia, que criticou o fato de a polícia ter feito investigação e filmagem na Câmara sem se identificar


LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou ontem que proibir a atuação da Polícia Federal dentro da Câmara dos Deputados poderia transformar os corredores da Casa em locais preferidos para os envolvidos em atividades ilícitas.
"Se for dito que a Polícia Federal não pode filmar [dentro da Câmara], não filmará. Mas aí pode ocorrer um certo problema como, por exemplo, as pessoas que são suspeitas escolherem os corredores da Câmara para fazer contatos ilegais. Elas estariam protegidas por essa impossibilidade de investigação da polícia", afirmou ontem.
A declaração do ministro é uma resposta à afirmação do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que criticou o fato de a polícia ter entrado na Casa sem se identificar. O objetivo dos policiais federais, disse Tarso, era espionar o lobista João Pedro de Moura.
Em fotos feitas pela PF, Moura aparece ao lado do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), de quem foi assessor, e entrando no gabinete do deputado Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB.
"A Polícia Federal não filmou o deputado Paulinho, filmou o cidadão que estava sendo seguido [Moura] -que, aliás, esteve em vários outros lugares públicos- sem devassar nenhum gabinete nem adentrar no plenário", disse Tarso, que esteve na posse do novo superintendente da PF em SP.
O ministro afirmou que recebeu uma correspondência de Chinaglia. "Eu vou responder. Se o presidente da Câmara determinar que naquele ambiente não poderá ocorrer filmagens, não será mais feito. Mas até agora não há nenhuma proibição formal", afirmou.
Chinaglia voltou a atacar ontem a PF. O deputado classificou o fato como "um acinte, uma afronta" e disse que seria a mesma coisa de a PF entrar no Planalto e "ficar fotografando, filmando, sem consultar ninguém antes". E reafirmou que a segurança da Casa tem de ser feita pela polícia legislativa.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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