São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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Arrecadação de siglas cai, mas PT fica no azul pela 1ª vez desde 2003

PT, PMDB, PSDB e DEM tiveram, juntos, receita de R$ 103,6 mi em 2007 contra R$ 169,2 mi em 2006, ano eleitoral; a maior foi a dos petistas, de R$ 40 mi

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A arrecadação dos principais partidos caiu quase 40% em 2007, mas pela primeira vez no governo Luiz Inácio Lula da Silva o PT fechou as contas no azul. A legenda foi a dona da maior receita, R$ 40 milhões, e registrou superávit operacional -receita menos despesas, excluído pagamento de dívida- de R$ 7,5 milhões.
Venceu ontem o prazo para que os 27 partidos entregassem ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sua prestação de contas. O tribunal não divulgou os dados, mas a Folha colheu com os partidos os números gerais de PT, PMDB, PSDB e DEM, os quatro maiores do país.
Juntos, eles obtiveram receita de R$ 103,6 milhões em 2007 contra R$ 169,2 milhões em 2006, ano eleitoral. A queda se deu devido à brutal diminuição das doações de grandes empresas a partidos políticos.
No ano eleitoral de 2006, empreiteiras, bancos, siderúrgicas e outras doaram R$ 67,2 milhões a PT, PMDB, PSDB e DEM. Em 2007, o valor caiu para R$ 11,9 milhões.
O PT, que arrecadou R$ 43,2 milhões no ano da reeleição de Lula, obteve doações de R$ 8,7 milhões em 2007. O PSDB, que reuniu R$ 14,8 milhões em doações em 2006, caiu para R$ 3 milhões. DEM (R$ 8,9 milhões de doações em 2006) e PMDB (R$ 500 mil) não registraram doações em 2007.
Os partidos não divulgaram empresas que fizeram doações, mas a Folha apurou que, como nos anos anteriores, as empreiteiras foram as mais generosas.
Os números de ontem mostram que as grandes empresas recorrem cada vez mais à doação eleitoral oculta. Elas repassam o dinheiro ao partido, que, depois, o distribui a vários candidatos. Com isso, não há como saber de onde veio o dinheiro.
A manobra permite que se contorne o limite para contribuições para campanhas, de 2% do faturamento bruto no ano anterior ao do pleito.
"É que vocês sempre fazem uma vinculação entre doação e atuação do político que não necessariamente ocorre", afirma o presidente do DEM, Rodrigo Maia. O partido arrecadou R$ 22 milhões em 2007, mas nada disso veio de doações. A maior parte é do fundo partidário.
"Não acredito [que as empresas busquem a doação oculta]", disse o vice-presidente-executivo do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira.
Desde 2003, quando Lula assumiu, o PT vinha fechando no vermelho: R$ 1,7 milhão em 2003, R$ 20,2 milhões em 2004, R$ 3 milhões em 2005 e R$ 4,1 milhões em 2006. Em 2007, o partido fechou, operacionalmente, no azul. "Fizemos controle rigoroso", diz o presidente do PT, Ricardo Berzoini. O PT ainda tem dívida de cerca de R$ 38 milhões.


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