São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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FHC diz estar com Alckmin em São Paulo

Ex-presidente afirma achar irreversível a candidatura de tucano e considera possível acordo com DEM no segundo turno

Ele diz acreditar em Lula quando o petista nega ter interesse em tentar um terceiro mandato; "seria tão insensato", afirma FHC


SERGIO TORRES
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse ontem no Rio considerar irreversível a candidatura de Geraldo Alckmin à Prefeitura de São Paulo. "E eu estou com ele", acrescentou.
A fala de FHC pode ser interpretada como um recado ao governador de São Paulo, José Serra, também do PSDB. Serra tem evitado manifestar apoio à candidatura de Alckmin.
"Ele [Alckmin] não vai abrir mão da candidatura, e eu estou com ele", afirmou FHC.
Para o ex-presidente, provavelmente haverá disputa entre candidatos de partidos diferentes. "A disputa é normal. Depende de como se faça a disputa para permitir que haja um segundo turno e uma reconciliação no segundo turno", comentou FHC, que nega a possibilidade de, no PSDB de São Paulo, existir um "racha a caminho".
"Pode haver discordância de ponto de vista aqui ou ali. Acho que isso não tem gravidade.(...) Política não é só estratégia. Política são interesses concretos, momentâneos."

Terceiro mandato
FHC disse acreditar em Lula, que nega interesse em permanecer na Presidência por mais um mandato. "O presidente Lula tem declarado que é contra, e confio nele. Seria a quebra de uma regra, a de alternância de poder. Quem fica três fica dez. Não tem lógica para você justificar. Por que não quatro, em vez de três? Seria tão insensato", disse FHC, para quem o terceiro mandato representa "abrir portas para o autoritarismo, para o personalismo".
O ex-presidente afirmou entender "que as pessoas queiram, quem está no governo quer permanecer, os amigos, os partidos, isso faz parte do jogo".
"Mas aqueles que pensam na instituição, no país, no futuro, na construção de uma nação não podem concordar. É o que o presidente Lula tem dito. Aí me perguntam: "ele diz que oito anos é pouco". Sim, mas um país não se faz por um governo nem por dois nem por três."
O fato de, supostamente, parte da população ser a favor do terceiro mandato não é significativo, na opinião de FHC.
"Boa parte da população quer pena de morte já, por exemplo. Vale a pena? Não são temas que possam ser julgados dessa maneira. (...) Não acho que esses temas devam ser tratados nesse nível. Tem que ser tratado em termos de responsabilidade institucional, muito mais que simplesmente numa pesquisa de opinião pública. O importante é a responsabilidade histórica, política de quem lidera. O presidente é o líder. Ele tem responsabilidade histórica. Por isso está dizendo: olha, não vou ficar mais. Eu acredito nele."
FHC atacou o PT, mas poupou Lula. Segundo ele, o partido "não ajuda na construção de um caminho comum no Brasil". "Você repara que o próprio presidente Lula já percebeu isso. Quando percebeu, mudou de atitude." A declaração de FHC fazia referência ao veto petista à aliança entre o partido e o PSDB em Belo Horizonte, idealizada pelo governador Aécio Neves (PSDB) e pelo prefeito Fernando Pimentel (PT).
"Essa atitude de alguns setores do PT, de intolerância, é que fazem o PT ser um partido que não ajuda na construção de um caminho comum no Brasil."


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