São Paulo, sábado, 01 de maio de 2010

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Maior sigla sem aliado nacional, PP se divide entre Serra e Dilma

Apoio formal a um dos pré-candidatos daria 1min20s a mais de propaganda na TV; tucano tem apoio de 11 Estados e petista, de 10

Possibilidade de Serra vir a convidar Dornelles para ser vice em sua chapa alterou equilíbrio no partido, que antes pendia para Dilma


RANIER BRAGON
MARIA CLARA CABRAL

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Assediado pelas duas principais candidaturas à Presidência, o PP (Partido Progressista) está rachado nos Estados. Em 11, a legenda deve participar de chapas que defenderão o voto no tucano José Serra. Já em outros dez, a tendência é de coligação com apoiadores da petista Dilma Rousseff.
O levantamento feito pela Folha aponta que nos outros seis Estados o PP está indefinido sobre em qual palanque nacional deve subir.
Principal partido ainda "solteiro" na polarização nacional, o PP participa hoje do governo Lula -comanda o Ministério das Cidades-, mas está balançado pela especulação de que seu presidente, senador Francisco Dornelles (RJ), será convidado para ser vice de Serra.
O apoio formal do PP proporcionará ao candidato à Presidência 1min20s no tempo de propaganda na TV -nos blocos de 25 minutos. Se permanecer neutro, o PP não entra no cálculo da divisão do tempo.
Na quarta, a Executiva Nacional do partido decidiu consultar os Estados, adiando a definição para maio ou junho sob a alegação de que havia se alterado o quadro apurado no início deste ano, quando, segundo os dirigentes, era de 20 a 7 pela adesão à candidatura Dilma.
O levantamento da Folha mostra que o cenário alterou-se para o equilíbrio. Dos 11 Estados que tendem a participar de coligações serristas, os principais são Rio Grande do Sul e Minas, onde o PP deve ficar com a vice nas candidaturas tucanas. O PSDB desses Estados ameaça romper o acerto caso o PP nacional feche com Dilma.
Das 11 possíveis alianças regionais, os tucanos terão que enfrentar jogo duplo em Estados como Alagoas e Rondônia, onde o PP promete apoiar o candidato do PSDB ao governo, mas deve pedir voto para Dilma. Pesam a favor de Serra, no entanto, declarações de pepistas pró-Dilma afirmando que trocam de lado caso se concretize o convite a Dornelles.
Dos dez diretórios inclinados a coligações dilmistas, destacam-se Bahia, Pará e Rio de Janeiro, Estado onde o PP apoia a reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB). É justamente esse um dos "trunfos" apresentados pelos petistas -o de que o reduto de Dornelles, o possível vice de Serra, apoia Dilma. O outro argumento é o de que o PP não abandonará os cargos que possui no governo federal.
A intenção do partido é empurrar a definição ao máximo com o objetivo de aumentar o preço pelo apoio: "Estamos fazendo de tudo para sair fortalecidos nos Estados. Em São Paulo, por exemplo, o PT poderia fazer uma composição com o [pré-candidato do PP] Celso Russomanno", diz o deputado Mário Negromonte (PP-BA).
Ricardo Barros (PR), vice-presidente do partido, diz que a tendência hoje é ficar neutro na disputa nacional. "Queremos dar conforto para os palanques regionais."
Com os rumores sobre a indicação de Dornelles para a chapa de Serra, alguns integrantes do partido foram escalados para defender publicamente a aliança com Dilma -para assim não criar insatisfações com nenhum dos lados.
"Eu tenho me manifestado que sou Dilma", disse o ministro Fortes. A última coligação nacional oficial do PP ocorreu em 1998, no apoio ao tucano Fernando Henrique Cardoso.
O PP tem sua origem recente na Arena, o partido que representava o braço civil da ditadura (1964-1985). Tendo por vários anos o hoje deputado Paulo Maluf como seu principal cacique, a legenda antes chamou-se PDS, PPR e PPB.


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