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Maior sigla sem aliado nacional, PP se divide entre Serra e Dilma
Apoio formal a um dos pré-candidatos daria 1min20s a mais de propaganda na TV; tucano tem apoio de 11 Estados e petista, de 10
Possibilidade de Serra vir a convidar Dornelles para ser vice em sua chapa alterou equilíbrio no partido, que antes pendia para Dilma
RANIER BRAGON
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Assediado pelas duas principais candidaturas à Presidência, o PP (Partido Progressista)
está rachado nos Estados. Em
11, a legenda deve participar de
chapas que defenderão o voto
no tucano José Serra. Já em outros dez, a tendência é de coligação com apoiadores da petista Dilma Rousseff.
O levantamento feito pela
Folha aponta que nos outros
seis Estados o PP está indefinido sobre em qual palanque nacional deve subir.
Principal partido ainda "solteiro" na polarização nacional,
o PP participa hoje do governo
Lula -comanda o Ministério
das Cidades-, mas está balançado pela especulação de que
seu presidente, senador Francisco Dornelles (RJ), será convidado para ser vice de Serra.
O apoio formal do PP proporcionará ao candidato à Presidência 1min20s no tempo de
propaganda na TV -nos blocos
de 25 minutos. Se permanecer
neutro, o PP não entra no cálculo da divisão do tempo.
Na quarta, a Executiva Nacional do partido decidiu consultar os Estados, adiando a definição para maio ou junho sob
a alegação de que havia se alterado o quadro apurado no início deste ano, quando, segundo
os dirigentes, era de 20 a 7 pela
adesão à candidatura Dilma.
O levantamento da Folha
mostra que o cenário alterou-se para o equilíbrio. Dos 11 Estados que tendem a participar
de coligações serristas, os principais são Rio Grande do Sul e
Minas, onde o PP deve ficar
com a vice nas candidaturas tucanas. O PSDB desses Estados
ameaça romper o acerto caso o
PP nacional feche com Dilma.
Das 11 possíveis alianças regionais, os tucanos terão que
enfrentar jogo duplo em Estados como Alagoas e Rondônia,
onde o PP promete apoiar o
candidato do PSDB ao governo,
mas deve pedir voto para Dilma. Pesam a favor de Serra, no
entanto, declarações de pepistas pró-Dilma afirmando que
trocam de lado caso se concretize o convite a Dornelles.
Dos dez diretórios inclinados
a coligações dilmistas, destacam-se Bahia, Pará e Rio de Janeiro, Estado onde o PP apoia a
reeleição do governador Sérgio
Cabral (PMDB). É justamente
esse um dos "trunfos" apresentados pelos petistas -o de que
o reduto de Dornelles, o possível vice de Serra, apoia Dilma.
O outro argumento é o de que o
PP não abandonará os cargos
que possui no governo federal.
A intenção do partido é empurrar a definição ao máximo
com o objetivo de aumentar o
preço pelo apoio: "Estamos fazendo de tudo para sair fortalecidos nos Estados. Em São
Paulo, por exemplo, o PT poderia fazer uma composição com
o [pré-candidato do PP] Celso
Russomanno", diz o deputado
Mário Negromonte (PP-BA).
Ricardo Barros (PR), vice-presidente do partido, diz que a
tendência hoje é ficar neutro
na disputa nacional. "Queremos dar conforto para os palanques regionais."
Com os rumores sobre a indicação de Dornelles para a
chapa de Serra, alguns integrantes do partido foram escalados para defender publicamente a aliança com Dilma
-para assim não criar insatisfações com nenhum dos lados.
"Eu tenho me manifestado
que sou Dilma", disse o ministro Fortes. A última coligação
nacional oficial do PP ocorreu
em 1998, no apoio ao tucano
Fernando Henrique Cardoso.
O PP tem sua origem recente
na Arena, o partido que representava o braço civil da ditadura (1964-1985). Tendo por vários anos o hoje deputado Paulo Maluf como seu principal cacique, a legenda antes chamou-se PDS, PPR e PPB.
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