São Paulo, sábado, 01 de maio de 2010

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Lula vai assumir a tarefa de desmontar discurso de Serra

Objetivo é "desconstruir" imagem do tucano como alguém que dará continuidade a seu legado

O petista avalia, no entanto, que o comitê de campanha deve agora preparar Dilma e deixar que, em agosto, ele próprio "entre em campo"


JOSIAS DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avocou para si uma "tarefa" que os operadores da campanha presidencial da petista Dilma Rousseff consideram "estratégica".
Caberá ao presidente, por decisão dele próprio, a missão de "desconstruir" o discurso "continuísta" do oponente tucano, o ex-governador José Serra.
Em privado, Lula recomendou "calma" aos coordenadores do comitê oficial. Acha que devem se preocupar mais com Dilma e menos com o rival.
Ele disse que cuidará do tucano "no momento certo". O presidente avalia que hoje só duas tribos seguem os desdobramentos da campanha: políticos e jornalistas.
Na opinião de Lula, o eleitor só vai se ligar no processo sucessório em agosto, quando a propaganda eleitoral chegar ao horário nobre da televisão.
É quando pretende, segundo a expressão que usou, "entrar em campo". Até lá, disse o presidente, a prioridade deve ser a preparação da pré-candidata petista.
Há um grande incômodo no quartel-general do petismo com os rumos que Serra tenta imprimir à pré-campanha.
Avalia-se ali que o presidenciável tucano tenta anular o principal trunfo da candidatura de Dilma: a continuidade da gestão Lula.
O exemplo clássico é o Bolsa Família. Em sucessivas entrevistas, Serra disse que, além de "manter", vai "aperfeiçoar" o principal programa social do governo de Lula.

Expressões
Em reação ao adversário, Dilma cunhou um par de expressões. Primeiro, disse que a oposição comporta-se como "lobo em pele de cordeiro".
Depois, pespegou em Serra uma metáfora aeroportuária. Chamou-o de "biruta de aeroporto". Um modo de enfatizar que a opinião do rival muda conforme o vento.
O receio de Lula é o de que, ao responder ao ex-governador, Dilma acabe por reforçar a estratégia do inimigo, baseada no confronto de biografias.
Daí a decisão do presidente de cuidar, ele próprio, da descaracterização de Serra como um continuador do seu legado.
Lula deseja grudar no tucano outra herança: o espólio da gestão do antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Quer repor nos trilhos a tática plebiscitária que idealizou.
Como não será candidato a nada, o presidente Lula não enfrentará nenhum óbice legal para levar o rosto à propaganda eleitoral televisiva de sua candidata.
Ele participará também de comícios, mas imagina que é na TV que a batalha eleitoral vai ser decidida.


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