UOL

São Paulo, domingo, 01 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Posso fazer pressão contra Ariel Sharon"

DO "FIGARO"

A seguir, Bush fala sobre o Oriente Médio. Diz que "para os palestinos liberdade quer dizer a criação de um Estado".
 

Pergunta - A questão de Israel e dos palestinos dominará sua viagem. O senhor se propôs como advogado de um plano de paz bastante completo. Mas os povos do Oriente Médio continuam céticos. Eles crêem que os Estados Unidos não cumprirão seus compromissos até o fim. Qual é a sua resposta?
George W. Bush -
Compreendo as dúvidas do Oriente Médio, compreendo as dúvidas do mundo. O conflito entre israelenses e palestinos já dura tanto tempo! Assim, enquanto não virmos emergir um Estado palestino, a opinião continuará a ser cética. Mas estou absolutamente decidido a levar esse compromisso até o fim, porque a política externa dos Estados Unidos não se limita a defender os interesses do país. Ela exprime valores. Queremos a paz. Bem, essa região do mundo só obterá a paz quando conhecer a liberdade. Para os palestinos, essa liberdade quer dizer a criação de um Estado. Trata-se de um esforço paralelo àquele que empreendemos no Iraque, onde nosso exército interveio para dar a liberdade ao povo iraquiano. É preciso que uma mãe palestina possa ver seus filhos crescerem com a perspectiva de um porvir próspero. É preciso que uma mãe israelense possa levar os filhos ao mercado sem correr o risco de vê-los mortos ou mutilados por uma bomba.

Pergunta - O senhor está pronto a agir para impedir a expansão das colônias israelenses?
Bush -
Um Estado palestino precisa ser viável. É sob essa perspectiva que temos de tratar o problema das colônias. A expansão dessas instalações está em contradição com nossos esforços pelo surgimento de um Estado palestino.

Pergunta - O senhor exige que o primeiro-ministro palestino Mahmoud Abbas lute contra o terrorismo. Mas está disposto a exercer pressão semelhante sobre Ariel Sharon?
Bush -
Certamente estou. Posso fazer pressão contra Sharon. Se tivesse medo de tomar decisões necessárias ao avanço do processo, não faria esta viagem ao Oriente Médio. É essencial que o novo primeiro-ministro palestino se comprometa a combater os terroristas. Mas não acreditamos que os atentados possam descarrilar o processo de paz. Não permitiremos que os desígnios malignos de alguns indivíduos destruam a esperanças de tanta gente. No passado a assistência internacional ao povo palestino só serviu para enriquecer uma pequena elite ociosa. Iasser Arafat teve numerosas oportunidades de conduzir seu povo no caminho da paz. Nada fez. Não me esqueço daquilo que meu antecessor Bill Clinton ofereceu a ele em Camp David.

Pergunta - A aceitação do "mapa de avanço" pelos israelenses não corre o risco de ser anulada pelas reservas expressas por Sharon?
Bush -
A única reserva que os israelenses expressaram é a necessidade de segurança. Mas, assim que o terrorismo for contido, à medida que cresça a segurança da região, veremos emergir instituições democráticas. Os israelenses e os palestinos recuperarão a tranqüilidade e a prosperidade se impedirmos que os assassinos de ambas as partes imponham obstáculos à paz.

Pergunta - Em Sharm el-Sheikh, que medidas concretas o senhor espera de seus interlocutores árabes?
Bush -
As relações bilaterais entre Egito e Estados Unidos são antigas. Não hesitarei em conversar com meu amigo, o presidente Mubarak, quanto às reformas econômicas necessárias no Egito. Com todos os dirigentes árabes, falarei das responsabilidades que cabem aos Estados Unidos na busca da paz. Vou relembrar a eles que sou o primeiro presidente norte-americano a ter declarado na tribuna das Nações Unidas que a solução do conflito entre Israel e os palestinos passa pela criação de um Estado palestino co-existente com Israel.



Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Para o governo francês, G8 deve trazer confiança
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.