São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2004

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PRESSÃO NA BASE

Em reunião, presidente incumbiu ministros de cobrar bancadas

Lula joga duro para aprovar mínimo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reunião ontem com ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu endurecer com PT e aliados para aprovar a medida provisória do salário mínimo de R$ 260. Ao rejeitar pressões da base no Congresso por um valor maior, Lula pediu que ministros enquadrem as bancadas. A Folha apurou que ele poderá retaliar ao liberar verbas e emendas.
Uma das alternativas propostas pelos deputados do PT é a concessão de dois reajustes anuais, segundo Professor Luizinho (PT-SP), líder do governo na Câmara. "Há várias hipóteses. Uma delas é até mais de um reajuste por ano. Por enquanto é hipótese; realidade, só depois dos estudos."
O presidente desistiu de fazer corpo-a-corpo com a base, o que ficará a cargo dos ministros.
A Folha apurou que Lula disse na reunião que já fez pronunciamento em cadeia de rádio e TV para justificar o mínimo e que seria "desmoralizador" voltar atrás. Sua contrariedade é grande com PT, onde há um racha que estimula outros partidos a se rebelar, e PMDB, que defendeu R$ 300.
"Todo mundo [ministros] gosta de fazer discurso favorável [ao governo]. Então, cada ministro tem que cuidar de sua bancada. É isso que o presidente tem dito nas reuniões conosco", disse o líder do PT, deputado Arlindo Chinaglia (SP), que esteve ontem com Lula.
O líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR), confirmou a orientação do presidente, mas discordou: "O ministro não foi escolhido para forçar a bancada a votar de um modo".
"O salário mínimo está definido em torno da medida provisória editada pelo presidente com aquele valor de R$ 260. Ao mesmo tempo há o compromisso da apresentação de uma proposta de política permanente de recomposição do valor do mínimo", disse Aldo Rebelo (Coordenação Política), após o encontro com Lula.
A cúpula do governo avalia que, endurecendo, aprova o mínimo na Câmara. No Senado, crê que a resistência será maior, mas que haverá espaço para negociar. Na sexta, haverá reunião ministerial com Lula, na qual cobrará apoio. A votação da MP deve ocorrer no próximo dia 9 -é preciso maioria simples para a aprovação.
Participaram da reunião, além de Lula e Aldo, o vice, José Alencar, Antonio Palocci Filho (Fazenda), Luiz Dulci (Secretaria Geral), José Dirceu (Casa Civil) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo). (FERNANDA KRAKOVICS, GABRIELA ATHIAS e KENNEDY ALENCAR)


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