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PRESSÃO NA BASE
Em reunião, presidente incumbiu ministros de cobrar bancadas
Lula joga duro para aprovar mínimo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião ontem com ministros, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva resolveu endurecer com
PT e aliados para aprovar a medida provisória do salário mínimo
de R$ 260. Ao rejeitar pressões da
base no Congresso por um valor
maior, Lula pediu que ministros
enquadrem as bancadas. A Folha
apurou que ele poderá retaliar ao
liberar verbas e emendas.
Uma das alternativas propostas
pelos deputados do PT é a concessão de dois reajustes anuais, segundo Professor Luizinho (PT-SP), líder do governo na Câmara.
"Há várias hipóteses. Uma delas é
até mais de um reajuste por ano.
Por enquanto é hipótese; realidade, só depois dos estudos."
O presidente desistiu de fazer
corpo-a-corpo com a base, o que
ficará a cargo dos ministros.
A Folha apurou que Lula disse
na reunião que já fez pronunciamento em cadeia de rádio e TV
para justificar o mínimo e que seria "desmoralizador" voltar atrás.
Sua contrariedade é grande com
PT, onde há um racha que estimula outros partidos a se rebelar,
e PMDB, que defendeu R$ 300.
"Todo mundo [ministros] gosta
de fazer discurso favorável [ao governo]. Então, cada ministro tem
que cuidar de sua bancada. É isso
que o presidente tem dito nas reuniões conosco", disse o líder do
PT, deputado Arlindo Chinaglia
(SP), que esteve ontem com Lula.
O líder do PMDB na Câmara,
José Borba (PR), confirmou a
orientação do presidente, mas
discordou: "O ministro não foi escolhido para forçar a bancada a
votar de um modo".
"O salário mínimo está definido
em torno da medida provisória
editada pelo presidente com
aquele valor de R$ 260. Ao mesmo tempo há o compromisso da
apresentação de uma proposta de
política permanente de recomposição do valor do mínimo", disse
Aldo Rebelo (Coordenação Política), após o encontro com Lula.
A cúpula do governo avalia que,
endurecendo, aprova o mínimo
na Câmara. No Senado, crê que a
resistência será maior, mas que
haverá espaço para negociar. Na
sexta, haverá reunião ministerial
com Lula, na qual cobrará apoio.
A votação da MP deve ocorrer no
próximo dia 9 -é preciso maioria simples para a aprovação.
Participaram da reunião, além
de Lula e Aldo, o vice, José Alencar, Antonio Palocci Filho (Fazenda), Luiz Dulci (Secretaria Geral),
José Dirceu (Casa Civil) e Luiz
Gushiken (Comunicação de Governo).
(FERNANDA KRAKOVICS, GABRIELA ATHIAS e KENNEDY ALENCAR)
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