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Mangabeira nega desistência e diz que toma posse no dia 13
"Eu não recebi nenhuma orientação diferente do presidente", declara filósofo
Professor diz que "não há problema" com o processo judicial que move contra a Brasil Telecom, controlada por fundos ligados a estatais
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O filósofo Roberto Mangabeira Unger afirmou ontem à
Folha, por telefone, que virá ao
Brasil para, no dia 13 de junho,
tomar posse na Secretaria de
Ação de Longo Prazo. "Eu não
recebi nenhuma orientação diferente do presidente. Não tem
nenhuma informação contrária à minha posse. Já comprei a
passagem aérea."
Ele está em Cambridge, nos
Estados Unidos, e diz que desembarca no Brasil no dia 10.
O filósofo está movendo uma
ação contra a Brasil Telecom,
que tem fundos de pensão estatais como seus principais acionistas, conforme noticiado anteontem pelo colunista da Folha Guilherme Barros. Mangabeira requer pagamentos de
serviços de curador referente
ao período de 1º de abril de
2006 a 31 de março de 2007.
O processo contrariou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que gostaria que ele desistisse de assumir o cargo de ministro. Numa primeira conversa com a Folha ontem, ele negou que esteja movendo ação
contra a empresa: "Não tem
ação contra a Brasil Telecom".
Pouco depois, ao ser informado de que a Folha teve acesso ao processo, mudou a versão: "Eu quero retificar o que
disse. Eu não queria induzir ao
erro. A minha declaração correta é: eu não posso falar sobre
o assunto pois estou legalmente impedido. Mas estou tranqüilo e confiante em relação à
minha posse. Não vejo qualquer obstáculo". Num terceiro
telefonema, ele pediu que fosse
publicada a seguinte frase:
"Não há problema. Os advogados estão tratando do assunto".
Mangabeira disse que se desligou da Universidade Harvard,
onde lecionava direito, e que
agora prepara a viagem ao Brasil: "Estou aqui com meus filhos, que saíram do colégio interno hoje, e eles vão ficar muito bravos se eu continuar falando sobre política com você".
Mangabeira atuou como
consultor e "trustee" da Brasil
Telecom até 2005, quando a
empresa era controlada pelo
Opportunity, de Daniel Dantas.
Recebeu cerca de US$ 2 milhões para gerenciar as ações
judiciais da Brasil Telecom
contra a Telecom Italia e os
fundos de pensão. Na época,
em carta à Folha, disse que a
notícia trazia informações difamatórias sobre suas atividades:
"Os fundos de pensão estão no
centro da corrupção na política
brasileira. O governo Lula descobriu os fundos de pensão.
Em vez de demolir o núcleo de
corrupção ali já existente, decidiu usá-lo para ir além".
Após a destituição do Opportunity, em 2005, a gestão que
assumiu a Brasil Telecom, controlada pelos fundos de pensão
e pelo Citigroup, decidiu questionar na Justiça e na Comissão de Valores Mobiliários os
serviços de Mangabeira, mas
teria optado por fazer um acordo verbal com ele. O que se sabe é que ele não presta serviços
para a empresa desde então.
Em resposta à ação de Mangabeira, a Brasil Telecom entrou com processo contra ele. A
tele requer para si o direito
conferido ao "trustee" pela gestão do Opportunity sob a alegação de negligência das obrigações do curador, violação do
dever fiduciário e atuação contra os interesses da empresa.
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