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Contratos suspeitos já não estão com Estado
Após a privatização da Eletropaulo, em 1998, empresas que compraram a estatal ficaram com a posse dos documentos
TCE não deve analisar contratos firmados entre a Eletropaulo e a GEC Alstom, como já ocorreu em 1999; processo foi arquivado
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar da declarada disposição de colaborar com as investigações, o governo do Estado
de São Paulo não teria como
analisar os contratos firmados
entre a Eletropaulo e a multinacional francesa Alstom. Assinados em 1997, os contratos
não estão mais sob o poder do
Estado, pois a empresa foi privatizada ainda em 1998.
Segundo documentos enviados ao governo brasileiro pelo
Ministério Público da Suíça,
um contrato assinado em
1997/1998 entre a Eletropaulo
-que na época ainda era uma
estatal paulista- e a Alstom é
objeto de investigação.
No mês passado, quando veio
à tona a informação de que a
Alstom era investigada na Suíça por suposto esquema de propina, o governo de São Paulo
determinou abertura de sindicância no Metrô, que mantém
contratos com a empresa.
Mas ele não poderá fazer o
mesmo sobre a Eletropaulo.
Em abril de 1998, ainda durante o governo de Mário Covas
(PSDB), a Eletropaulo foi comprada pela Lightgás, uma subsidiária do grupo Light.
Todos os contratos ficaram,
então, sob a responsabilidade
da Eletropaulo Metropolitana,
sob o controle das americanas
AES Corporation, Houston Industries Energy, Inc. (a atual
Reliant Energy), da francesa
Electricité de France (EDF) e
da brasileira Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Em 2001, com a venda das
ações da Reliant e da CSN para
a AES Corporation, a Eletropaulo Metropolitana passou a
ser controlada só pela AES.
A privatização abriu uma outra lacuna. Em fevereiro de
1998, o plenário do Tribunal de
Contas do Estado decidiu que
todos os processos sobre contratos da Eletropaulo seriam
arquivados sem apreciação.
Foi o que aconteceu, por
exemplo, com o contrato entre
a Eletropaulo e a GEC Alstom
para fornecimento de transformadores de potencial e de corrente. Firmado em 1997, foi arquivado em junho de 1999.
Segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", os
documentos apontam o uso de
seis empresas "offshore" para
repasse, entre 1998 e 2001
-período em que o Estado foi
governado por Covas e Geraldo
Alckmin-, de até R$ 13,5 milhões em propinas para políticos e autoridades de São Paulo,
em valores de hoje.
As "comissões" teriam sido
pagas pela Alstom em troca da
assinatura de contratos. Segundo a reportagem, os pagamentos foram feitos por intermédio
de trabalhos de consultoria não
realizados. As "comissões" foram formalizadas de abril a outubro de 1998, período em que
Alstom e Eletropaulo tratavam
da expansão do metrô de SP.
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