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Procurador pede ao STF ação contra 42 novos congressistas
Parlamentares são suspeitos de participar do esquema de compra superfaturada de ambulâncias com verba federal
Já tramitam no Supremo inquéritos contra outros 15 deputados apontados pela Operação Sanguessuga como integrantes de máfia
SILVANA DE FREITAS
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de
Souza, decidiu ontem pedir ao
STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de inquéritos
criminais contra 42 novos parlamentares suspeitos de participar do esquema de compra
superfaturada de ambulâncias
com verba federal. Todos eles
foram investigados na Operação Sanguessuga.
Já tramitam no STF inquéritos contra 15 deputados acusados de atuar nessa fraude. Neste momento, a Polícia Federal
faz diligências determinadas
pelo relator, ministro Gilmar
Mendes, a pedido do procurador-geral. Ao todo, serão alvo
de apuração 57 congressistas.
Os nomes não foram revelados
porque as investigações tramitam sob segredo de Justiça.
Antonio Fernando pretendia
apresentar os novos pedidos de
inquéritos ainda ontem, mas
deixou o prédio da Procuradoria Geral em direção ao STF às
18h40, pouco antes do fechamento do protocolo, às 19h. Logo após esse horário, o tribunal
informou que as solicitações
não tinham chegado. A entrega
deve ocorrer na segunda-feira.
Ao final dessa fase de apuração, Antonio Fernando examinará cada caso e decidirá se há
indícios suficientes para oferecer a denúncia, que é o pedido
de abertura da ação penal, também chamada de processo criminal. Se entender que não há,
eles serão arquivadas.
CPI dos Sanguessugas
Relator dos 15 inquéritos instaurados, Mendes autorizou
ontem o acesso da CPI dos Sanguessugas ao conteúdo deles,
mas determinou que o sigilo
das apurações seja preservado.
O presidente da CPI, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), disse que é "praticamente
impossível" evitar o vazamento
de dados. Antes, Biscaia havia
assegurado na solicitação para
ter acesso aos inquéritos "que
haverá manutenção de sigilo
sobre os documentos".
"Eu falei ao ministro: "Não digo que não tenhamos condição,
não digo que seja impossível,
mas é praticamente impossível
evitar [o vazamento]". Quem
conhece minimamente isso
aqui sabe que é impossível",
afirmou Biscaia, que conversou
anteontem à noite, por telefone, com Mendes.
O deputado disse, entretanto, que vai estudar um meio para tentar evitar, ao máximo, o
vazamento das informações.
No despacho do ministro do
STF, há a seguinte ordem: "Determino que o exame das cópias obtidas fique restrito apenas à CPI, a qual deverá adotar
rígidas providências para que
seu conteúdo não seja indevidamente divulgado".
A CPI dos Sanguessugas tem
36 integrantes, entre deputados e senadores, que, com a decisão de Mendes, poderão ter
acesso aos documentos.
O ministro do Supremo escreveu na sua decisão que o
acesso aos autos deverá se restringir a documentos cujas diligências já tiverem sido concluídas pela Polícia Federal.
Tanto o STF como a CPI apuram a atuação da quadrilha que
fraudava licitações para compra de equipamentos de saúde,
como ambulâncias, em valores
superfaturados. Os recursos
eram alocados no Orçamento
por meio de emendas apresentadas por parlamentares.
Disputa
A CPI vive um clima de disputa eleitoral. Anteontem, após
a oposição anunciar que entrara com um requerimento de
convocação dos ex-ministros
da Saúde Humberto Costa (PT)
e Saraiva Felipe (PMDB), o PT
entrou com pedido para convocar o tucano José Serra, ministro da Saúde até fevereiro de
2002 e hoje candidato ao governo de São Paulo.
Para integrantes da CPI, os
deputados que entraram com
os requerimentos querem criar
um clima disputa política. Os
requerimentos devem ser votados na próxima semana.
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