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Tropa de choque se esforça para salvar mandato de Renan
Mais de 10 senadores estão envolvidos na "operação'; cada um tem papel bem definido na estratégia do presidente do Senado
Romero Jucá, porta-voz e articulador de Renan, passava negociando as votações a maior parte do tempo; agora ele se dedica a salvar o amigo
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A tropa de choque do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem papéis bem definidos na operação para tentar barrar a investigação contra ele no Conselho de
Ética da casa.
As estratégias de defesa são
montadas em reuniões no gabinete da presidência. Renan
também dispara telefonemas
durante todo o dia para repassar orientações e buscar apoio.
No vale-tudo para se manter no
cargo, o senador está recorrendo até a bilhetes.
O líder do governo, senador
Romero Jucá (PMDB-RR), é o
porta-voz de Renan no Conselho de Ética e o principal articulador político do presidente
do Senado no dia-a-dia. Até o
início da crise, há cerca de um
mês, a maior parte de seu tempo era gasto negociando a votação de projetos com senadores
e técnicos. Agora Jucá entra e
sai do gabinete da presidência o
dia inteiro.
Toda vez que a situação é irremediável para Renan no
Conselho de Ética, Jucá anuncia que acabou de receber uma
ligação do presidente do Senado que, se adiantando às decisões do órgão, diz que concorda
com medidas a serem tomadas
na investigação. O objetivo de
Renan é dar a aparência de que
não estaria emparedado e que a
apuração aconteceria por iniciativa sua.
Esse roteiro se repetiu três
vezes. Primeiro ele anunciou
que concordava com a realização de uma perícia, pela Polícia
Federal, nos documentos apresentados por sua defesa. Depois
com os depoimentos do lobista
Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, e do advogado Pedro Calmon, que defende
a jornalista Mônica Veloso. Por
último, ele se colocou à disposição para prestar esclarecimentos ao conselho, no momento
em que senadores exigiam sua
presença.
O líder do PMDB, senador
Valdir Raupp (RO), repassa os
comandos de Renan para a
bancada e coloca em prática as
estratégias de defesa. Na linha
de frente estão os senadores
Leomar Quintanilha (PMDB-TO), Wellington Salgado
(PMDB-MG), Gilvam Borges
(PMDB-AP) e Almeida Lima
(PMDB-SE). O senador Valter
Pereira (PMDB-MS) fazia parte desse grupo, mas mudou de
lado, defendeu o aprofundamento das investigações e acabou sendo substituído no Conselho de Ética.
Esses senadores não se importam com eventuais desgastes políticos decorrentes da
operação para salvar Renan.
Eles dizem que os documentos
apresentados pela defesa do senador são suficientes para arquivar o processo.
"Pela denúncia do PSOL ele
não é culpado. Não estou falando de notas fiscais. Ele tem que
mostrar é o Imposto de Renda
[que já mostrou] e que tinha capacidade de pagar [a pensão alimentícia]", afirmou Salgado,
que foi relator do caso durante
24 horas e reiterou o pedido de
arquivamento sumário.
O Conselho de Ética investiga se Renan usava recursos de
um lobista da empreiteira
Mendes Júnior para pagar pensão alimentícia de R$ 12 mil
mensais para a jornalista Mônica Veloso, com quem tem
uma filha. Nos bastidores, os
principais conselheiros de Renan são o senador José Sarney
(PMDB-AP) e o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA). Eles
têm freqüentado a casa do presidente do Senado.
PT
Até essa semana o PT estava
cauteloso com as palavras e
ações, mas arranjou um discurso para defender Renan depois
que o DEM radicalizou e divulgou uma nota pedindo seu afastamento da presidência do Senado. Para os petistas, a oposição quer aprofundar a crise para tirar Renan do cargo e atingir
o governo.
A situação é delicada para os
senadores do PT. Eles não querem arcar com o desgaste pela
defesa de Renan, mas também
não podem abandoná-lo, já que
o PMDB é o maior partido da
coalizão. O Palácio do Planalto
teme ser retaliado em votações
no Congresso.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) tem orientado os
passos da bancada durante a
crise e aconselhado senadores
da base de sustentação do governo. A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), e Tião Viana (PT-AC) fazem a ponte entre o Palácio do Planalto e a Casa, além
de negociar com Renan as
ações a serem tomadas.
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