São Paulo, quarta, 1 de julho de 1998

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No Acre, petista "light' fecha aliança com tucanos

da Reportagem Local

O engenheiro florestal Jorge Viana, 38 anos, é um petista que "diz sim" até para os tucanos. Candidato ao governo do Acre, Viana costurou uma aliança de dez partidos políticos, onde há espaço até para o PSDB do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Quero fazer campanha para ganhar a eleição e ainda ter maioria na Assembléia Legislativa para poder governar", afirma o pragmático Viana. "Não quero ficar o tempo todo atrás de clones para fazer política", diz.
Jorge Viana foi prefeito de Rio Branco entre janeiro de 93 e dezembro de 96 e garante que nunca teve problemas de relacionamento com o governo federal.
Ele não pertence a nenhuma tendência dentro do PT e diz que só é radical na defesa de algumas bandeiras para o Estado: "Apoio aos seringueiros, desenvolvimento sustentado e melhoria da qualidade de vida da população acreana".
Bem colocado nas pesquisas eleitorais, Viana disputa a eleição com o candidato do PMDB, o deputado federal Chicão Brígido (PMDB), envolvido no escândalo da compra de votos para a reeleição de FHC, e com o candidato do PPB, José Bistene.
Seu estilo de fazer política é elogiado pelos tucanos. "O Jorge é um cara light, nunca atacou duramente o presidente", diz o secretário-geral do PSDB, Arthur Virgílio. Viana diz, entretanto, que só Luiz Inácio Lula da Silva subirá no seu palanque no Acre. Os demais candidatos a presidente, cujos partidos estão na coligação, vão contar com outros palanques.
"O PPS pede votos para o Ciro, o PSDB para Fernando Henrique e o PMN para o brigadeiro Ivan Frota. Dá para administrar", diz.
No Piauí, petistas e tucanos também estão juntos. O candidato ao governo é o ex-prefeito de Teresina Francisco Gerardo (PSDB). O vice é o petista Antônio Medeiros e o candidato ao Senado, Nazareno Fontelles, também do PT.
"A coligação tem um aspecto regional. Nós vamos fazer a campanha do FHC, e o PT vai trabalhar por Lula. O importante é derrotar o PMDB e o PFL, que há anos se alternam no poder", explica Francisco Gerardo.
Do lado do governador do Piauí, Francisco de Assis de Moraes (PMDB), o Mão Santa, estão PC do B e PDT, partidos que apóiam Lula, enquanto o governador está com Fernando Henrique.
Para o cientista político Fábio Wanderley Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais, essa mistura de siglas é um reflexo da estrutura partidária precária que existe no Brasil.
Ele ressalva, porém, que é preciso "não exagerar nessa idealização do processo político-eleitoral". "A diluição da consistência ideológica está acontecendo no mundo inteiro", avalia Reis.



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