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CASO TRT
Brasil vai pedir bloqueio de bens na Europa dos envolvidos no desvio do TRT
Ex-juiz foragido efetuou depósitos em seis países
Lula Marques/Folha Imagem
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O ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, que está foragido |
RUI NOGUEIRA
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro descobriu,
com a ajuda de autoridades suíças, que os US$ 3,4 milhões depositados pelo ex-juiz Nicolau dos
Santos Neto na Suíça passaram
antes por bancos em quatro países europeus: França, Alemanha,
Reino Unido e Itália.
Para refazer o caminho do dinheiro e procurar novas contas
além das duas já bloqueadas na
Suíça, o Brasil vai estender nesta
semana a esses quatro países o pedido que estava sendo feito apenas aos EUA -de rastreamento e
bloqueio de bens e valores nos nomes dos envolvidos no escândalo
do desvio de verbas do TRT-SP,
para repatriamento.
O pedido será feito também aos
governos do Panamá e do Paraguai, por causa da constatação de
que grande parte do dinheiro pago à Incal (construtora do prédio)
foi para esses dois países, depois
de passar por contas de laranjas.
A investigação nos Estados Unidos engloba também o apartamento de US$ 1 milhão do ex-juiz
Nicolau em Miami, que teria sido
vendido em dezembro a uma empresa (Stedman Properties Inc.)
por valor inferior ao de mercado
-US$ 750 mil.
Segundo o Ministério da Justiça,
a transação causou estranheza ao
próprio governo norte-americano, entre outros motivos por ter
sido realizada em dinheiro vivo.
O governo brasileiro solicitou à
empresa de auditoria Arnold &
Porter que investigue a cadeia de
proprietários do apartamento e
sua última venda. Suspeita-se que
a empresa compradora seja do
próprio juiz ou pessoa ligada a ele.
O pedido de rastreamento de
valores e bens atinge 11 acusados
de envolvimento no desvio que
estão sendo processados pelo Ministério Público de São Paulo. Dos
réus da ação penal que tramita em
São Paulo, só ficou de fora da lista
do Ministério da Justiça o ex-senador Luiz Estevão, que deverá
ser incluído de última hora.
A repatriação dos US$ 3,4 milhões depositados na Suíça já foi
pedida pelo juiz Fernando Moreira Gonçalves, da 1ª Vara Criminal
de São Paulo. O total corresponde
a 15 depósitos, feitos entre abril de
92 e abril de 94, e que, segundo a
decisão judicial, "ocorriam poucos dias após o pagamento do Tesouro Nacional mediante ordens
bancárias à Incal Incorporadora".
O dinheiro foi depositado em
duas contas abertas pelo ex-juiz
no Banco Santander de Genebra,
sob os códigos Nissan 20706 e
51706. Essas contas foram bloqueadas pelas autoridades suíças,
"por suspeita de crime de lavagem de dinheiro".
Quando indagado a respeito
desses depósitos pela Justiça de
São Paulo, Nicolau disse que era
proveniente de "herança deixada
por parentes próximos", mas não
soube dizer os nomes nem mesmo a relação de parentesco com
essas pessoas.
Acordo com EUA
O acordo de cooperação judiciária em matéria penal com os
Estados Unidos, que está parado
na Câmara dos Deputados desde
97, poderá ser votado hoje na Comissão de Relações Exteriores.
O acordo, chamado MLAT
(Mutual Legal Assistance Treaty),
foi barrado pela oposição porque
o texto foi considerado muito permissivo. Prevê, por exemplo, que
os aparatos de investigação dos
dois países colaborem na tomada
de depoimentos, fornecimento de
documentos (inclusive secretos),
registros e bens, na localização e
identificação de pessoas ou bens,
na transferência de presos para
prestar depoimento e outros fins.
A lista dos investigadas inclui
Nicolau dos Santos Neto, sua mulher, Maria da Glória Bailão dos
Santos, e suas duas filhas, Maria
Virgínia e Maria Cristina; Fábio
Monteiro de Barros e seu sócio José Eduardo Teixeira Ferraz; Oscar
de Barros e José Maria Teixeira
Ferraz; os engenheiros Antônio
Carlos da Gama e Silva e Gilberto
Morand Paixão; e o ex-presidente
do TRT Delvio Buffulin.
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