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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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PAINEL

Era uma vez
O "grupo dos 30" do PT cedeu em sua quase totalidade e deverá votar em favor da reforma da Previdência, apesar de não concordar com a sua essência. Só pediu ao governo algumas alterações no texto -chamadas internamente de "cosméticas"- para obter uma saída honrosa.

Sem mártires
A ameaça de expulsão do PT é o argumento que mais pesa para que o grupo aprove a reforma. Cinco deputados ainda resistem, mas acham que só dará para enfrentar o partido de fato se convencerem um contingente grande da esquerda a votar "não" em bloco. Não querem a trilha de Babá e Luciana Genro.

Manter o discurso
A expectativa do grupo dos 30 da esquerda é a de que o Planalto aceite algumas mudanças "cosméticas", entre as quais a da elevação do teto da isenção dos pensionistas de R$ 1.058 para R$ 2.400. Somente acima desse valor se pagaria a contribuição previdenciária de 11%.

Negociação direta
Os cinco governadores que representam os demais na negociação das reformas pediram reunião com João Paulo (Câmara), Sarney (Senado) e líderes dos partidos no Congresso. Desconfiados de que o Planalto não cederá em nada na tributária, tentarão mudá-la no Legislativo.

Não é bem assim
João Paulo e Sarney ainda não marcaram a audiência com os governadores, solicitada para a próxima terça. Querem o aval do Planalto. A saída para ganhar tempo foi pedir aos governadores que falem com suas bancadas antes de marcar a reunião com o comando do Congresso.

Iguais e diferentes
O Ministério do Planejamento decidiu recomendar a Lula que vete item da Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2004 que proíbe o contingenciamento da maior parte dos recursos do Ministério da Defesa. O impedimento fora aprovado no Congresso por pressão do PSDB.

Disputa surda
A cúpula das Formas Armadas já procurou o Planalto para tentar evitar que Lula vete o artigo da Lei de Diretrizes Orçamentárias que impede contingenciamento nos recursos do Ministério da Defesa. O Planalto tem dito que não vai ceder.

Garganta seca
A União deixou de receber pelo menos US$ 100 mi do Bird nos últimos cinco anos para obras de abastecimento de água nos Estados do NE. Motivo: falta de recursos para dar a contrapartida financeira aos projetos exigida nos contratos.

Ajuste fiscal
Com o contingenciamento do Orçamento de Lula, nenhum centavo dos US$ 20 mi que o Bird previa liberar em 2003 para obras de abastecimento pôde ser sacado. Os contratos deverão ser renegociados na segunda. A tendência é haver uma redução do valor do financiamento.

Dia de festa
Marta (PT) fez uma "operação belezura" nos últimos dias em torno do escolão que será inaugurado hoje em Guaianazes, na periferia de SP. Tudo para causar boa impressão a Lula.

Padrão de qualidade
Num raio de 300 m da obra, a prefeitura trocou pontos de ônibus e semáforos quebrados e pintou as guias. Ruas foram recapeadas e placas de trânsito danificadas, trocadas. O córrego que passa atrás do escolão, porém, continua sem canalização e com esgoto a céu aberto.

Sombra e água fresca
O porta-voz do FMI, Thomas Dawson, voltou a elogiar o Brasil e disse que o Fundo está disposto a um novo acordo se o país quiser. "Estamos felizes por apoiar o Brasil", disse, animado com as férias de uma semana que passará por aqui. "Mas não chegarei nem perto de Brasília."

TIROTEIO

Do deputado Eduardo Valverde (PT-RO), membro da CPI do Banestado, sobre o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) mandar o procurador Luiz Francisco "calar a boca", em sessão da comissão:
-Ninguém está imune à investigação. Não adianta tentar intimidar o procurador e a CPI.

CONTRAPONTO

Papéis trocados

Dias antes de por fim à anunciada greve, juízes procuraram gabinetes de parlamentares governistas na Câmara dos Deputados. Queriam convencê-los a defender em seus partidos as reivindicações da categoria.
Um dos parlamentares procurados pelos juízes foi Paulo Bernardo (PR). Ex-bancário, o petista participou ativamente de movimentos sindicais no passado. Hoje, é um dos principais nomes da tropa de choque da bancada do governo Lula no Congresso.
Uma das juízas que fazia lobby na Câmara brincou com o deputado federal:
-Vamos ser francos, deputado. Nós somos juízes e não sabemos fazer greve. Como é que se organiza uma, por favor?
Em meio a risadas, Paulo Bernardo afirmou:
-Veja bem, eu não deveria, mas posso dar uma consultoria para vocês...


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