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Palocci se autodenomina "fiscalista"
RAYMUNDO COSTA
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em encontro no qual os deputados atacaram a interferência do
governo federal na comissão especial da reforma tributária, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) demarcou os limites do
projeto em tramitação na Câmara: o equilíbrio fiscal.
"As pessoas podem até me chamar de fiscalista, mas eu preciso
zelar pelo equilíbrio fiscal da
União", disse Palocci aos integrantes da comissão especial da
reforma tributária que recebeu
ontem, em seu gabinete, para o
café da manhã.
No mesmo contexto, o ministro
afirmou que o governo e os Estados vão fazer de tudo "para manter o equilíbrio das contas da Federação". "O único apelo que eu
faço é que o Congresso entenda os
limites de cada um", disse, argumentando em seguida que a reforma não pode "abrir um buraco" nas contas do governo federal
nem impor perdas para um outro
Estado ou outro município.
Tensão
A conversa começou em clima
tenso. O deputado Mussa Demes
(PFL-PI), presidente da comissão,
disse que havia "desconforto"
com as "idas e vindas" do relator
da reforma, deputado Virgílio
Guimarães (PT-MG), ao Ministério da Fazenda.
Guimarães já apresentou dois
relatórios preliminares. O primeiro, proposto na semana passada,
acatou grande parte das reivindicações da comissão. Já o segundo,
nesta semana, trouxe os recuos
nas principais alterações ao texto
original defendido pelo ministro
da Fazenda.
Antes da reunião, Palocci afirmou não acreditar que a negociação com os governadores "termine nos próximos dias". Avaliou,
por outro lado, que as reformas
tributária e da Previdência não
devem se confundir.
"São duas reformas com objetivos diferentes. Você não pode resolver o problema de uma reforma com a outra, senão, ao ajustar
uma reforma você deforma a outra", explicou o ministro.
Segundo Palocci, a negociação
com os governadores "é um processo longo", que envolve questões a ocorrer inclusive após a
aprovação da emenda constitucional, como a redação de leis
complementares.
Investimentos
O ministro acenou com uma solução genérica para um dos principais pleitos do empresariado e
da comissão: a desoneração dos
investimentos, ou seja, da compra
de máquinas e investimentos destinados a ampliar a capacidade de
produção.
A medida foi defendida enfaticamente pelo deputado Delfim
Netto (PP-SP), um dos principais
conselheiros de Palocci, que reivindicou uma pauta mínima para
"fazer aflorar o espírito empresarial do país".
Na primeira versão preliminar
de seu relatório, o relator Virgílio
Guimarães previu o fim do ICMS
e do IPI sobre os investimentos
-a regra, que foi muito elogiada
pelos deputados, implicaria, porém, perdas para a União e para
os Estados, especialmente para
São Paulo.
Palocci defendeu a alternativa
estipulada no segundo texto do
relator: um artigo prevendo medidas de estímulo ao setor produtivo a serem estabelecidas em legislação posterior.
O ministro da Pasta também
afirmou que a Fazenda não se
opõe à "noventena" que os deputados desejam estabelecer para a
vigência de impostos, que passariam a ser cobrados apenas 90
dias após sua criação ou após o
aumento de alíquota.
"É para proteger o contribuinte
de aumentos de impostos que
costumam ocorrer no fim do
ano", disse o deputado Beto Albuquerque (PT-RS).
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