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Governadores
temiam reunião
homologatória
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da incompatibilidade
de agendas, a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
com cinco governadores, prevista para ontem, fracassou
porque os chefes do Executivo
dos Estados avaliaram que estavam sendo convidados apenas para homologar um acordo já firmado para a votação da
reforma da Previdência.
Na segunda-feira, em Fortaleza (CE), Lula disse aos governadores que pretendia chamá-los para uma reunião no dia seguinte. Sem ter o que oferecer a
eles na reforma tributária, o
Planalto agendou o encontro
para a terça da próxima semana. Tudo mudou de última hora na noite de anteontem.
Entre as 19h e as 20h, os gabinetes dos governadores que representam as cinco regiões do
país começaram a receber o
convite para uma reunião às
17h de ontem. Germano Rigotto (RS), por exemplo, estava no
exterior. Outros tinham compromissos marcados com muita antecedência.
Pouco antes da convocação
feita às pressas, líderes governistas no Congresso, estimulados pelo Planalto, haviam fechado um acordo para atender
às exigências do Judiciário na
reforma previdenciária. Ou seja, querem aumentar o subteto
de 75% para 90,25%.
Os governadores concluíram
que estavam sendo chamados
para homologar o acordo e livrar o governo de ficar com a
fama de mais um recuo.
Pela manhã, Aécio Neves
(MG), Lúcio Alcântara (CE),
Eduardo Braga (AM), Marconi
Perillo (GO) e Rigotto trocaram telefonemas entre si e com
o Planalto. Confirmaram suas
suspeitas. À tarde, com franqueza incomum, Aécio disse
que, por mais honroso que fosse estar com o presidente, a reforma da Previdência agora era
assunto do Planalto.
Os governadores já haviam se
queixado no primeiro recuo do
governo em relação ao tratamento a ser dado aos juízes na
reforma. Eles argumentam que
o Palácio do Planalto usa dois
pesos e duas medidas: vai atrás
deles quando precisa, mas ignora suas reivindicações.
Ontem, mais uma vez, o ministro Antonio Palocci (Fazenda) deixou claro que não pretende ceder parte da arrecadação da CPMF, o imposto do
cheque, como querem os governadores. E até hoje não confirmou o que já insinuou que
pode dar: uma parte da Cide.
Governadores ouvidos pela
Folha não admitem o fim do
pacto que eles firmaram com
Lula no início do governo. Mas,
com a confiança entre as partes
minada, reconhecem que ele
"trincou".
(RAYMUNDO COSTA)
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