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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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Governadores temiam reunião homologatória

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da incompatibilidade de agendas, a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com cinco governadores, prevista para ontem, fracassou porque os chefes do Executivo dos Estados avaliaram que estavam sendo convidados apenas para homologar um acordo já firmado para a votação da reforma da Previdência.
Na segunda-feira, em Fortaleza (CE), Lula disse aos governadores que pretendia chamá-los para uma reunião no dia seguinte. Sem ter o que oferecer a eles na reforma tributária, o Planalto agendou o encontro para a terça da próxima semana. Tudo mudou de última hora na noite de anteontem.
Entre as 19h e as 20h, os gabinetes dos governadores que representam as cinco regiões do país começaram a receber o convite para uma reunião às 17h de ontem. Germano Rigotto (RS), por exemplo, estava no exterior. Outros tinham compromissos marcados com muita antecedência.
Pouco antes da convocação feita às pressas, líderes governistas no Congresso, estimulados pelo Planalto, haviam fechado um acordo para atender às exigências do Judiciário na reforma previdenciária. Ou seja, querem aumentar o subteto de 75% para 90,25%.
Os governadores concluíram que estavam sendo chamados para homologar o acordo e livrar o governo de ficar com a fama de mais um recuo.
Pela manhã, Aécio Neves (MG), Lúcio Alcântara (CE), Eduardo Braga (AM), Marconi Perillo (GO) e Rigotto trocaram telefonemas entre si e com o Planalto. Confirmaram suas suspeitas. À tarde, com franqueza incomum, Aécio disse que, por mais honroso que fosse estar com o presidente, a reforma da Previdência agora era assunto do Planalto.
Os governadores já haviam se queixado no primeiro recuo do governo em relação ao tratamento a ser dado aos juízes na reforma. Eles argumentam que o Palácio do Planalto usa dois pesos e duas medidas: vai atrás deles quando precisa, mas ignora suas reivindicações.
Ontem, mais uma vez, o ministro Antonio Palocci (Fazenda) deixou claro que não pretende ceder parte da arrecadação da CPMF, o imposto do cheque, como querem os governadores. E até hoje não confirmou o que já insinuou que pode dar: uma parte da Cide.
Governadores ouvidos pela Folha não admitem o fim do pacto que eles firmaram com Lula no início do governo. Mas, com a confiança entre as partes minada, reconhecem que ele "trincou". (RAYMUNDO COSTA)


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