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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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Congressistas temem radicalização

DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Tanto parlamentares do PT quanto da oposição demonstraram receio em relação ao aumento da tensão no campo e a radicalização dos movimentos sociais.
Segundo os deputados e senadores ouvidos pela Folha, há um acirramento dos ânimos nas áreas rurais e urbanas, que se dá em razão de dois motivos principais: a grande expectativa em torno do governo petista de solução dos problemas sociais e o aumento do desemprego. A invasão pelo MST da fazenda do senador José Agripino Maia (PFL-RN) foi citada como exemplo de que a situação no campo é grave -corre o risco de ser politizada- e precisa ser resolvida rapidamente.
"Ações como essa não ajudam em nada a reforma agrária. O governo não se moverá por esse tipo de movimentação", afirmou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Para os petistas, o governo tem de buscar a solução por meio do diálogo. A oposição pede "ação" e cumprimento da lei.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também falou em "ações concretas" para reverter o desemprego, que, para ele, contribui para o "acirramento das tensões sociais". "O governo e o Congresso precisam de senso de urgência para modificar as políticas econômicas e sociais para dar mais tranquilidade", declarou. "Quando [os sem-terra] agem de maneira violenta, prejudicam a causa. A ocupação de propriedades, a destruição delas, é algo que prejudica o movimento", completou.
O deputado Chico Alencar (PT-RJ) disse que "o MST precisa saber que tão importante quanto alavancar a causa é saber o tom que deve ser usado". Segundo ele, neste momento, era preciso "recuar e fazer como Lênin dizia: "Um passo para trás para dar dois para frente".
Na avaliação do líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino (BA), as invasões estão ocorrendo como em qualquer "outro período [governo]". "Se houve invasão, ela deve ter sido em terra improdutiva", disse.
Para a oposição, o governo está sendo complacente com os sem-terra. "Há uma radicalização no campo, que não sabemos onde vai terminar", declarou o senador José Jorge (PFL-PE).
Para o líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia, há uma "crise de autoridade" no governo. "Isso mostra que não há controle no campo. A fazenda já estava invadida, e essa nova invasão é uma encenação do MST", afirmou.
"O governo precisa de energia para acabar com essa situação. O que não pode é continuar essa situação de barbárie e sequestros. Isso é uma guerrilha que deixa o cidadão médio com medo", disse o deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), da bancada ruralista.


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