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Congressistas temem radicalização
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Tanto parlamentares do PT
quanto da oposição demonstraram receio em relação ao aumento da tensão no campo e a radicalização dos movimentos sociais.
Segundo os deputados e senadores ouvidos pela Folha, há um
acirramento dos ânimos nas áreas
rurais e urbanas, que se dá em razão de dois motivos principais: a
grande expectativa em torno do
governo petista de solução dos
problemas sociais e o aumento do
desemprego. A invasão pelo MST
da fazenda do senador José Agripino Maia (PFL-RN) foi citada como exemplo de que a situação no
campo é grave -corre o risco de
ser politizada- e precisa ser resolvida rapidamente.
"Ações como essa não ajudam
em nada a reforma agrária. O governo não se moverá por esse tipo
de movimentação", afirmou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Para os petistas, o governo tem
de buscar a solução por meio do
diálogo. A oposição pede "ação" e
cumprimento da lei.
O senador Eduardo Suplicy
(PT-SP) também falou em "ações
concretas" para reverter o desemprego, que, para ele, contribui para o "acirramento das tensões sociais". "O governo e o Congresso
precisam de senso de urgência para modificar as políticas econômicas e sociais para dar mais tranquilidade", declarou. "Quando
[os sem-terra] agem de maneira
violenta, prejudicam a causa. A
ocupação de propriedades, a destruição delas, é algo que prejudica
o movimento", completou.
O deputado Chico Alencar (PT-RJ) disse que "o MST precisa saber que tão importante quanto
alavancar a causa é saber o tom
que deve ser usado". Segundo ele,
neste momento, era preciso "recuar e fazer como Lênin dizia:
"Um passo para trás para dar dois
para frente".
Na avaliação do líder do PT na
Câmara, Nelson Pellegrino (BA),
as invasões estão ocorrendo como em qualquer "outro período
[governo]". "Se houve invasão,
ela deve ter sido em terra improdutiva", disse.
Para a oposição, o governo está
sendo complacente com os sem-terra. "Há uma radicalização no
campo, que não sabemos onde
vai terminar", declarou o senador
José Jorge (PFL-PE).
Para o líder do PFL na Câmara,
José Carlos Aleluia, há uma "crise
de autoridade" no governo. "Isso
mostra que não há controle no
campo. A fazenda já estava invadida, e essa nova invasão é uma
encenação do MST", afirmou.
"O governo precisa de energia
para acabar com essa situação. O
que não pode é continuar essa situação de barbárie e sequestros.
Isso é uma guerrilha que deixa o
cidadão médio com medo", disse
o deputado Ronaldo Caiado
(PFL-GO), da bancada ruralista.
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