São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2004

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SOB PRESSÃO

Presidentes do Banco Central e do Banco do Brasil e ex-diretor do BC refutam as acusações de reportagens

Casseb, Candiota e Meirelles negam irregularidades

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb, e o ex-diretor do BC Luiz Augusto Candiota têm buscado rebater as acusações contra eles divulgadas na imprensa nos últimos dias.
Meirelles disse ontem à Folha que todas as operações mencionadas ontem pela revista "Veja" são "legítimas e legais". Segundo ele, são transações registradas e públicas, informadas ao governo.
O presidente do BC afirmou que o episódio envolvendo seu primo Marco Túlio Pereira de Campos, detido neste ano no aeroporto de Congonhas com R$ 32.000, foi informado ao Ministério da Justiça tão logo tomou conhecimento do caso. Segundo Meirelles, como o ministério nada encontrou de irregular, não foi aberto inquérito.
Ele disse que o dinheiro que estava com o primo se refere a operações de venda de um imóvel que tinha em sociedade com um amigo em Piracicaba (SP). Seu sócio, após a venda, pagou-lhe uma dívida referente a benfeitorias no terreno e o fez em dinheiro, valor depositado em nome de uma empresa do presidente do BC.
Meirelles rebate também a acusação publicada pela revista de que teria feito operações para fugir do pagamento de imposto ao transferir um imóvel de uma empresa sua para o seu nome.
Nesse caso, Meirelles explica que em 2002 adquiriu a pedido de familiares uma chácara em Anápolis (GO) que pertencia a um tio seu, Jonas Duarte, já morto.
Como não tinha CPF no Brasil na época, a operação foi feita por uma empresa sua, a Silvania Empreendimentos, criada para administrar seu patrimônio no país.
Ao retornar ao Brasil e regularizar seu CPF, o presidente do BC disse que decidiu desativar a empresa e fez a transferência do imóvel para seu nome. Segundo ele, a operação ocorreu no mesmo ano, pelo mesmo valor e está devidamente registrada em sua declaração de Imposto de Renda. Meirelles afirmou que está tranqüilo e que não pretende deixar a presidência do Banco Central.

Presidente do BB
Anteontem, a revista "IstoÉ" relatou que o presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, não declarou ao fisco que possuía duas contas nos EUA. Casseb rebateu as acusações. "Informo que todos os meus bens no país e no exterior se encontram relacionados na minha declaração de Imposto de Renda", afirmou, por meio de sua assessoria. O presidente do BB disse também que suas declarações de renda feitas entre 1999 e 2002 foram entregues à CPI do Banestado, que investiga o caso.
Na quarta-feira passada, Casseb já havia feito um pronunciamento em que se disse indignado com a informação de que suas atividades teriam sido monitoradas pela Kroll, empresa contratada pela Brasil Telecom para espionar a Telecom Itália. ""Esse tipo de coisa invade a gente, é desagradável."
Horas antes do presidente do Banco do Brasil fazer as afirmações, Luiz Augusto Candiota pediu demissão do cargo de diretor de Política Monetária do BC. Sua decisão ocorreu em decorrência de reportagem publicada pela revista "IstoÉ", que afirmava que Candiota deixou de declarar à Receita Federal a existência de contas mantidas por ele no exterior.
No mesmo dia em que a reportagem foi publicada, o BC divulgou nota em que Candiota negava ter sonegado informações à Receita. Segundo a nota, o então diretor repudiava "qualquer afirmativa ou insinuação de que transações efetuadas antes ou depois da sua condução ao Banco Central tenham violado a legislação aplicável". Dois dias depois, no domingo passado, o BC divulgou outra nota em que Candiota negava possuir contas nos bancos MTB Bank ou com o Northern International, citados pela "IstoÉ".
Na última quarta-feira, Candiota pediu demissão do cargo e criticou a forma como as acusações contra ele foram divulgadas pela imprensa. "Sinto-me violentado pessoal e profissionalmente, sobretudo pela forma como a matéria é apresentada, dando a entender que teria me envolvido em operações fraudulentas, tendo ignorado a legislação e dela me distanciado como se fosse um marginal", disse o ex-diretor do BC.


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