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Renan e irmão são acusados de grilar terras em Alagoas
Justiça decreta intervenção no cartório de registro de imóveis de Murici (AL)
O procurador-geral Antonio Fernando de Souza recebeu processo no mês passado e vai decidir se investiga o senador e Olavo Calheiros
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
O senador Renan Calheiros
(PMDB-AL) e o deputado federal Olavo Calheiros (PMDB-AL) são acusados de grilagem
de terras e de estarem por trás
de ameaças a Antonio Gomes
de Vasconcelos, que denunciou
os dois irmãos ao Ministério
Público Federal. O técnico agrícola Genival Mendes de Melo
também acusou Olavo de ter se
apropriado ilegalmente de terras que lhe pertenceriam.
Como Renan e Olavo têm direito a foro privilegiado, os dois
casos foram remetidos no mês
passado ao procurador-geral da
República, Antonio Fernando
de Souza. Ele já começou a analisar os documentos, para decidir se abre uma investigação.
Já em Alagoas, a Corregedoria da Justiça do Estado decretou intervenção no cartório de
registro de imóveis de Murici
(AL), terra natal dos Calheiros,
por suspeita de participação
em grilagem. A tabeliã Maria de
Lourdes Ferreira Moura, que
tem a concessão desde 1973, é
investigada em dois processos:
num deles é suspeita de beneficiar Olavo Calheiros. Ela foi
afastada do cartório por 90
dias, prorrogáveis por mais 30.
As disputas de terras envolvem propriedades em uma área
de proteção ambiental em Murici. Primo de segundo grau de
Renan e Olavo, Antonio diz que
uma fazenda que pertenceria à
família de sua mulher há mais
de 200 anos surgiu em 2005 em
nome de Dimário Calheiros na
lista de indenizações do Ibama
aos proprietários das terras situadas na reserva ecológica.
Também primo de Renan e
Olavo, Dimário denunciou os
dois de o terem usado como laranja, negando ser dono da propriedade que Antonio diz ser de
sua mulher, a fazenda Cocal.
À Folha Antonio contou que,
além da grilagem, denunciou
os Calheiros por desmatamento ilegal na reserva de Murici.
Olavo enfrenta um processo
por crime ambiental no STF.
Antonio foi ao Ministério
Público no começo de 2005, e a
jornais no final daquele ano,
quando teriam começado as
ameaças. Contou que Edson
Vasconcelos, o Edinho, primo
seu e dos Calheiros, o procurou: "O sr. Edinho dirigiu-se ao
declarante em tom ameaçador,
advertindo-o para que parasse
de colocar essas matérias em
jornais, bem como retirasse a
denúncia feita no jornal com
relação aos irmãos Calheiros",
disse Antonio ao Ministério
Público em 15 de fevereiro de
2006. Antonio disse que temia
por sua vida e diz que se ele ou
seus familiares sofressem qualquer tipo de atentado, atribuiria o fato aos irmãos Calheiros.
Ele falou que ficou muito assustado porque os sem-terra
que invadiram uma das fazendas de Olavo naquele ano foram presos e espancados por
homens supostamente a mando do deputado, mas que, após
a denúncia ao Ministério Público, as ameaças pararam.
Genival Mendes acusou Olavo Calheiros de ter grilado terras que lhe pertenceriam com a
ajuda da tabeliã Maria de Lourdes Ferreira Moura. Ele disse
que arrematou a fazenda São
Bernardo num leilão destinado
a cobrir os passivos trabalhistas da Usina São Bernardo. Entre os documentos que anexou
ao processo está uma escritura
da propriedade em seu nome.
"Surpreendentemente, a fazenda passou a se chamar Capoeirão, tendo como proprietário o senhor Olavo Calheiros,
numa certidão emitida pelo
mesmo cartório", disse. No dia
10 deste mês, Genival obteve
uma vitória por unanimidade
no Tribunal Regional do Trabalho em Alagoas e agora espera que a Justiça lhe conceda a
reintegração de posse.
A Fazenda Capoeirão foi dada por Olavo Calheiros como
garantia ao Banco do Nordeste,
no empréstimo que fez para a
implantação da fábrica de refrigerantes e sucos Conny -vendida no ano passado à Schincariol por R$ 27 milhões.
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