São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

No final de debate, Alckmin e Marta polarizam discussão

Um dos mais agressivos, Kassab atacou petista e a desafiou a comparar gestões

O ex-prefeito Paulo Maluf (PP) e o deputado federal Ivan Valente (PSOL) foram os franco-atiradores, com questões duras a oponentes

DA REPORTAGEM LOCAL EM SÃO PAULO

A 66 dias do primeiro turno das eleições municipais, o primeiro debate entre os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo, na noite de ontem, mostrou uma troca de acusações entre os principais candidatos e culminou em polarização entre os líderes na disputa, Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB).
Terceiro lugar na disputa, de acordo com o Datafolha, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) também foi agressivo.
Contrariando expectativas de que não iria para o embate contra o tucano, Kassab trocou críticas com Alckmin na questão da iluminação pública, mas seu principal foco foi a petista, a quem desafiou para uma comparação entre os governos.
"Tenho certeza de que uma coisa você vai ganhar: a que criou mais taxas", disse Kassab, se referindo à criação de taxas na gestão de Marta (2000-2004). Ele também atacou a petista na área da saúde.
"Candidato Kassab, o problema da saúde existe em todos os municípios. Foi um problema na minha gestão, é um problema sério na sua, é o maior problema que você enfrenta. Por todas as pesquisas, 70% de descontentamento com essa questão", devolveu Marta (53% dos paulistanos reprovam a atuação da Prefeitura na saúde, segundo o Datafolha).
No final, Alckmin partiu para cima da petista, lembrando do aumento de taxas, e dizendo que a prefeitura foi entregue ao PSDB "em um estado lastimável", com a "área de saúde sucateada" e "a cidade endividada". Marta classificou as críticas de "mentiras" e "politicagem".
O debate de ontem foi promovido pela TV "Band" e durou duas horas e quarenta minutos. Os momentos mais tensos ocorreram quando os candidatos fizeram perguntas uns aos outros. Ao mesmo tempo em que lembravam realizações de suas gestões -os quatro primeiros colocados já governaram ou a prefeitura ou o Estado-, buscavam explorar áreas mal-avaliadas nas gestões alheias.
Marta buscou falar muito dos CEUs (Centro Educacional Unificado) e do bilhete único para mais de uma viagem no transporte público, implantados em sua gestão. Alckmin frisou a necessidade de melhorias na saúde e no transporte público, principalmente na ampliação do metrô, cujo maior investimento parte do governo do Estado, que ele comandou por seis anos. Kassab falou do projeto Cidade Limpa, implantado em sua gestão.

Franco-atiradores
Também em terceiro na disputa, o ex-prefeito Paulo Maluf (PP), ao lado do deputado federal Ivan Valente (PSOL), foram os franco-atiradores do debate.
Valente foi o responsável por uma das perguntas mais duras em relação a Alckmin: "Você declarou ao TRE um teto de campanha de R$ 25 milhões, é muito dinheiro, o povo estranha isso. Quem vai financiar a sua campanha?", questionou Valente, que ainda lembrou que o PSDB foi contra investigação na Assembléia Legislativa sobre o acidente com a linha 4 do metrô.
"Relacionar financiamento público de campanha com acidente em obra é de uma maldade e de péssimo, muito mal gosto. Uma tragédia que abalou São Paulo, aliás eu já estava fora do governo há quase um ano. É uma questão de obra, que pode acontecer em todas as obras, e está sendo rigorosamente apurada", respondeu Alckmin.
Ele também criticou o PT. Já Maluf atacou Alckmin na questão da educação, considerado um dos pontos fracos da gestão tucana no governo do Estado -"Não adianta dizer que tem o melhor time e entrar em campo e perder de 5 a 0"-, e os juros praticados pelo PT na economia - "O PT mãe dos banqueiros e pai dos atravessadores". Alckmin respondeu dizendo que São Paulo está acima da média nacional no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Valente lembrou que o partido de Maluf, PP, faz parte da base de apoio do governo federal.
Maluf foi questionado por jornalista da Band sobre os sete processos que responde, o que o incluiu na "lista suja" da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros). "A politização da Justiça é um atentado à democracia", rebateu Maluf. Instado a comentar, Kassab -que também está na lista- se disse a favor da transparência.
Ele também foi questionado por jornalista da Band sobre o email, revelado pela Folha, em que tenta influir em pesquisa Datafolha. Ele negou, dizendo que buscava evitar tumulto em áreas da pesquisa. Compareceram ao debate os oito candidatos cujos partidos elegeram representantes para a Câmara dos Deputados em 2006 -Marta, Alckmin, Kassab, Maluf, Valente, Soninha Francine (PPS), Ciro Moura (PTC) e Renato Reichmann (PMN).


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