São Paulo, sábado, 01 de setembro de 2007

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Paulo Lacerda quer aproximar Abin da PF

Ele assumirá o comando da Agência na próxima semana e será substituído na Polícia Federal por Luiz Fernando Corrêa

Novo diretor da PF conta com o apoio de sindicatos que foram ignorados na gestão de Lacerda, o que se tornou um dos motivos de sua saída

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Indicado para assumir o comando da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, vai aproximar os serviços de inteligência dos dois órgãos para tentar obter um trabalho mais eficiente de levantamento de informações estratégicas para o governo.
"A área operacional da Abin e de Inteligência da PF há muito trabalham de costas uma para a outra. Podem e devem trabalhar juntas, com o que teríamos um resultado mais eficiente", disse Lacerda, que na segunda-feira passará oficialmente a Diretoria Geral da PF ao também delegado Luiz Fernando Corrêa, hoje titular da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
"Já conversei sobre isso com o dr. Luiz Fernando. Ele aprovou a idéia", afirmou Lacerda. A dança das cadeiras no Ministério da Justiça se tornou pública na quarta-feira, logo após uma reunião em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou Lacerda oficialmente para assumir a Abin, um órgão que tem sido relegado a segundo plano no governo petista.
Na ocasião, Lula contou a Lacerda que nomearia Corrêa para sucedê-lo, a pedido do ministro da Justiça, Tarso Genro, que havia feito a escolha em março, quando assumiu o cargo. Corrêa, que já foi agente da PF, é delegado há 11 anos. Estruturou uma das principais bandeiras do governo na área de segurança pública, a Força Nacional, e ganhou a disputa com os militares para montar e gerenciar o sistema de segurança dos Jogos Pan-Americanos. Na política, conta com o apoio de entidades sindicais de policiais, muitas delas ligadas ao PT, um segmento que foi ignorado pela Direção Geral na gestão de Lacerda e acabou por se tornar também um dos motivos que acabaram por afastá-lo do ministro.
Nos tempos de Márcio Thomaz Bastos na Justiça, ministro e diretor-geral da PF se reuniam diariamente. Com Tarso, os despachos passaram a ser semanais. Tarso sempre prestigiou as entidades sindicais. Esteve pessoalmente na sede da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), logo após tomar posse, em março.
Em entrevista à imprensa anteontem, o ministro disse que há cerca de 45 dias, em conversa com o presidente, fora informado da pretensão de Lula de ter Lacerda na Abin, para modernizá-la e lhe dar um papel de destaque no governo. Assim, disse o ministro, começaram a preparar as mudanças.
Para o lugar de Corrêa, o nome provável é o do secretário Antonio Carlos Biscaia. Derrotado na disputada para se reeleger deputado, Biscaia precisa de uma vitrine melhor do que a Secretaria Nacional de Justiça. Em entrevista, Tarso disse que convidou Biscaia para a Senasp. Até a tarde de ontem, não havia confirmação.


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