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PT confronta Lula e quer candidato em 2010
Presidente, que defende nome de consenso entre os aliados, adiou sua participação no 3º Congresso para hoje e gerou mal-estar
Debates no congresso mostraram que será grande a
pressão por menção explícita à candidatura presidencial ao
final do encontro do partido
FABIO ZANINI
EM SÃO PAULO
CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Na abertura de seu 3º Congresso, o PT entrou em rota de
colisão com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, ao defender abertamente a antecipação
do debate sobre a eleição presidencial de 2010, com um nome
do partido na cabeça de chapa.
Lula, que deveria fazer a
abertura solene do evento, ontem à noite, surpreendeu ao
cancelar sua participação e remarcá-la para hoje, o que foi interpretado por petistas como
um recado de que ficou insatisfeito com o partido.
Petistas com trânsito no Palácio do Planalto explicaram
também que o presidente temia presenciar críticas ao Ministério Público e ao Judiciário
por conta do processo de abertura de processos no caso do
mensalão.
No entanto, na abertura do
evento, à noite, não houve ato
ou moção de apoio aos acusados no escândalo. Apenas alguns militantes gritaram brevemente o nome do ex-ministro José Dirceu.
Lula viajou no início da noite
de ontem para São Paulo. Até o
chefe da assessoria especial da
Presidência, Marco Aurélio
Garcia, um dos petistas mais
próximos de Lula, se mostrou
surpreso. "Não sei o que aconteceu, estava tudo certo para
ele comparecer", disse.
Embora o centro de convenções tenha passado até por varredura da segurança da Presidência, Lula avisou que não poderia comparecer ao encontro
ainda ontem, como estava programada há dois meses.
Os debates no primeiro dia
do congresso mostraram que
será grande a pressão por uma
menção explícita à candidatura
presidencial ao final do encontro, que termina amanhã.
"Como é que o PT pode abdicar em 2007 de ter candidatura
presidencial em 2010? É nossa
tarefa construir e trabalhar um
nome", disse, na solenidade de
abertura, o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo
Chinaglia (PT-SP).
Lula e uma parte da direção
do PT acham um erro tratar
agora desse assunto, pelo impacto que poderia ter na coalizão que sustenta o governo.
Mas a pressão vem de todos
os lados. A tese da candidatura
própria para 2010 foi defendida
ontem, por exemplo, pelos arqui-rivais José Dirceu e Tarso
Genro, que disputam o comando do partido.
"A minha opinião é de que o
PT pode e deve ter candidato
em 2010", disse Tarso. Para
Dirceu, "o PT tem que apresentar um candidato à coalizão". O
nome começaria a ser debatido
em 2009.
A resolução aprovada ontem
é tímida ao tratar do assunto,
dizendo apenas que o partido
"disputará a Presidência" em
2010, mas sem ser explícito
quanto a ocupar a cabeça de
chapa. Por um acordo entre as
chapas no congresso, pode haver uma emenda para reforçar
esse enunciado.
O partido dá claros sinais de
que está preocupado com o excessivo descolamento de Lula
do PT.
Num dos discursos mais
aplaudidos do primeiro dia de
debates, o secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, advertiu que "o governo pode ser um enorme sucesso, mas podemos chegar em
2010 com nosso partido enfraquecido".
Em sua fala na abertura do
evento, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, afinado com
Lula, disse apenas que o partido será "um instrumento fundamental de construção de
continuidade" do governo nas
eleições de 2010.
A expectativa é de que no discurso de hoje Lula tente puxar
o freio no ímpeto petista. Marco Aurélio ontem deu o tom do
que deve ser a fala do presidente. "Acho uma bobagem falar de
2010 agora. O PT quer falar?
Primeiro precisa combinar
com os russos", disse, em alusão
ao presidente Lula.
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