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Ex-aliado diz que levava dinheiro em malas para Renan
Denúncia foi feita por ex-marido de assessora parlamentar do presidente do Senado, que não se manifestou sobre o caso
Segundo Miranda, seu ex-sogro, Luiz Coelho, atuava para políticos do PMDB, entre eles Romero Jucá e o deputado Carlos Bezerra
LEONARDO SOUZA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma nova denúncia de um
suposto esquema de lavagem e
desvio de dinheiro público envolvendo integrantes do PMDB
pode complicar ainda mais a situação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O advogado Bruno de Miranda Lins, que foi casado com
Flávia Garcia, assessora parlamentar de Renan, acusa em denúncia à Polícia Civil o pai da
ex-mulher, o empresário Luiz
Carlos Garcia Coelho, de atuar
para vários políticos do PMDB.
Em entrevista à revista "Época", Bruno disse que Coelho teria montado um esquema de
arrecadação de dinheiro para
Renan em ministérios controlados pelo PMDB, como a Previdência e a Saúde. Não especificou, porém, desde quando o
esquema estaria em funcionamento. Afirmou que ele próprio foi buscar pessoalmente
em pelo menos seis ocasiões o
dinheiro da suposta propina.
Numa delas, no BMG, teria pego R$ 3 milhões.
De fato, Coelho tem amplo
trânsito e proximidade com
muitos caciques peemedebistas, incluindo Renan e o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Em 2004, por exemplo, o presidente do Senado vendeu por R$
600 mil uma casa no Lago Sul,
bairro de classe alta de Brasília,
para a Grupo de Assessoria
Ltda., da qual Coelho é dono.
O empresário costuma freqüentar o gabinete de Jucá. A
assessoria confirmou que Coelho visitava o senador, mas disse que ele não vai mais ao gabinete desde a rápida passagem
de Jucá pelo Ministério da Previdência, em 2005, do qual se
afastou após denúncia publicada pela Folha de que teria obtido R$ 750 mil em financiamentos do Banco da Amazônia de
forma fraudulenta.
À polícia Bruno também disse que o deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT), quando esteve na chefia do INSS, atuou
para beneficiar o BMG na concessão de crédito consignado.
Prestado em setembro de
2006 ao delegado da Polícia Civil do DF João Kleiber Esper, o
depoimento de Bruno é cercado de brigas, processos e ameaças por conta de sua separação.
O documento ficou parado na
gaveta de Esper por sete meses.
Depois de percorrer mais algumas repartições na polícia do
DF, o depoimento só foi enviado à PF há cerca de um mês.
Segundo a "Época", a corregedoria da polícia abriu sindicância para apurar por que o
delegado demorou tanto para
passar adiante um assunto que
não era de sua competência.
Investiga também se o depoimento teria sido usado em uma
tentativa de chantagem contra
o empresário Luiz Carlos Coelho e o senador Renan.
De acordo com a "Época", a
polícia investiga a informação
de que o delegado Esper e um
amigo, o empresário Orlando
Rodrigues da Cunha Filho, presidente da Hípica de Brasília,
foram a um escritório de advocacia para tentar a extorsão.
"Estive lá com o Orlando, sim.
Até falamos sobre o depoimento, mas não pedi dinheiro", disse o delegado à revista.
Outro lado
Procurado pela Folha, Renan não ligou de volta. A assessoria de Jucá informou que ele
foi operado ontem e não poderia se manifestar. As assessorias de Bezerra e do BMG negaram ter havido benefício indevido ao banco para operar com
crédito consignado.
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