São Paulo, sábado, 01 de setembro de 2007

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Ex-aliado diz que levava dinheiro em malas para Renan

Denúncia foi feita por ex-marido de assessora parlamentar do presidente do Senado, que não se manifestou sobre o caso

Segundo Miranda, seu ex-sogro, Luiz Coelho, atuava para políticos do PMDB, entre eles Romero Jucá e o deputado Carlos Bezerra

LEONARDO SOUZA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma nova denúncia de um suposto esquema de lavagem e desvio de dinheiro público envolvendo integrantes do PMDB pode complicar ainda mais a situação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O advogado Bruno de Miranda Lins, que foi casado com Flávia Garcia, assessora parlamentar de Renan, acusa em denúncia à Polícia Civil o pai da ex-mulher, o empresário Luiz Carlos Garcia Coelho, de atuar para vários políticos do PMDB.
Em entrevista à revista "Época", Bruno disse que Coelho teria montado um esquema de arrecadação de dinheiro para Renan em ministérios controlados pelo PMDB, como a Previdência e a Saúde. Não especificou, porém, desde quando o esquema estaria em funcionamento. Afirmou que ele próprio foi buscar pessoalmente em pelo menos seis ocasiões o dinheiro da suposta propina. Numa delas, no BMG, teria pego R$ 3 milhões.
De fato, Coelho tem amplo trânsito e proximidade com muitos caciques peemedebistas, incluindo Renan e o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Em 2004, por exemplo, o presidente do Senado vendeu por R$ 600 mil uma casa no Lago Sul, bairro de classe alta de Brasília, para a Grupo de Assessoria Ltda., da qual Coelho é dono.
O empresário costuma freqüentar o gabinete de Jucá. A assessoria confirmou que Coelho visitava o senador, mas disse que ele não vai mais ao gabinete desde a rápida passagem de Jucá pelo Ministério da Previdência, em 2005, do qual se afastou após denúncia publicada pela Folha de que teria obtido R$ 750 mil em financiamentos do Banco da Amazônia de forma fraudulenta.
À polícia Bruno também disse que o deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT), quando esteve na chefia do INSS, atuou para beneficiar o BMG na concessão de crédito consignado.
Prestado em setembro de 2006 ao delegado da Polícia Civil do DF João Kleiber Esper, o depoimento de Bruno é cercado de brigas, processos e ameaças por conta de sua separação. O documento ficou parado na gaveta de Esper por sete meses. Depois de percorrer mais algumas repartições na polícia do DF, o depoimento só foi enviado à PF há cerca de um mês.
Segundo a "Época", a corregedoria da polícia abriu sindicância para apurar por que o delegado demorou tanto para passar adiante um assunto que não era de sua competência. Investiga também se o depoimento teria sido usado em uma tentativa de chantagem contra o empresário Luiz Carlos Coelho e o senador Renan.
De acordo com a "Época", a polícia investiga a informação de que o delegado Esper e um amigo, o empresário Orlando Rodrigues da Cunha Filho, presidente da Hípica de Brasília, foram a um escritório de advocacia para tentar a extorsão. "Estive lá com o Orlando, sim. Até falamos sobre o depoimento, mas não pedi dinheiro", disse o delegado à revista.

Outro lado
Procurado pela Folha, Renan não ligou de volta. A assessoria de Jucá informou que ele foi operado ontem e não poderia se manifestar. As assessorias de Bezerra e do BMG negaram ter havido benefício indevido ao banco para operar com crédito consignado.


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