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Repartição de benefícios é questão difícil
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
O caso Natura versus ashaninkas pode virar uma dessas
histórias paradigmáticas sobre
como é mais fácil tocar fogo numa floresta do que gerar riqueza a partir do seu uso.
Não é a primeira vez que comunidades indígenas vão à
Justiça exigir repartição de benefícios por bioprospecção. Em
2002, índios craôs, do Tocantins, denunciaram um grupo da
Universidade Federal de São
Paulo por biopirataria.
Os cientistas, liderados por
Elisaldo Carlini, haviam feito
um acordo com uma aldeia
craô para desenvolver remédios fitoterápicos a partir do
conhecimento indígena. Outras aldeias, excluídas do trato,
processaram a universidade,
pedindo uma indenização de
R$ 25 milhões por uso indevido
do conhecimento. A Unifesp
não pagou, mas Carlini acabou
desistindo do projeto.
A repartição de benefícios
por conhecimento tradicional é
um terreno pantanoso. É difícil
definir a quem pertence um conhecimento, ainda mais quando várias populações são detentoras de conhecimentos comuns -o uso do curare, por
exemplo.
Essa é uma das razões pelas
quais empresas farmacêuticas
sérias costumam correr dos índios.
A outra, no caso do Brasil, é
uma legislação kafkeana que
criminaliza a pesquisa ao mesmo tempo em que deixa buracos sobre a repartição de benefícios. Em seus mais de cinco
anos como ministra, Marina
Silva não conseguiu mudar essa
norma.
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