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REAÇÃO GOVERNISTA
Em tom de campanha, presidente fala sobre planos a 500 empresários e políticos no Planalto
FHC promete crescimento e "revolução"
WILSON SILVEIRA
AUGUSTO GAZIR
da Sucursal de Brasília
Cinco dias depois da marcha de
protesto que levou cerca de 75 mil
pessoas à Esplanada dos Ministérios, o presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu cerca de
500 políticos, empresários e altos
funcionários do governo no Palácio do Planalto para prometer a
retomada do crescimento econômico e uma "revolução na estrutura do Estado brasileiro".
Em tom de campanha, o presidente lançou o Plano Plurianual
de investimentos, que foi batizado com o slogan de sua reeleição
("Avança Brasil"), e negou que tenha sido movido pelos altos índices de reprovação do seu governo.
"Eu estou pensando no Brasil,
não é em popularidade", respondeu aos jornalistas.
Durante discurso de 50 minutos, o presidente elogiou o Congresso e atacou os opositores do
seu governo. Segundo ele, os que
não reconhecem os avanços do
país são "carcomidos" e têm "cabeça de pedra".
Os recados também foram dirigidos aos organizadores da "Marcha dos 100 Mil": "O crescimento,
quando não está embasado na estabilidade, é balofo e fofo". "Perdem-se as vozes que, tecidas na
intriga, imaginam que o governo
não terá a capacidade, junto com
o Congresso, de aprovar as leis
que vão dar base para esse crescimento".
Estavam presentes 12 governadores e quase todos os ministros.
A seguir, trechos do discurso,
aplaudido de pé:
REVOLUÇÃO - "Agora sim o
Orçamento passa a ser a peça essencial para o Congresso. Porque
o Orçamento dirá o que será e o
que não será feito. Dirá ao país o
que será feito do recurso do contribuinte, com o tributo do contribuinte, que vai sim pagar imposto, mas vai saber onde vai ser
aplicado esse imposto, programa
por programa, e sabe quem é o
responsável até individual pela
execução de cada um desses programas. É uma revolução na estrutura do Estado brasileiro, na
estrutura do governo brasileiro,
que foi sendo feita silenciosamente, enquanto se gritavam pelas ruas muitas vezes de forma injusta que o governo não fazia outra coisa a não ser a estabilidade,
como se a estabilidade não fosse a
pedra fundamental para possibilitar tudo o mais que nós estamos
construindo".
NEOLIBERALISMO - "Não nos
venha dizer que o Brasil não tem
um projeto, nem nos venha dizer
que o projeto se confunde com o
programa de um partido".
CRESCIMENTO - "O Brasil tem
fome de crescimento, o Brasil vai
crescer, nós confiamos no Brasil e
nós temos a competência de fazer
com que esse crescimento não
desorganize as finanças".
JUROS - "Nós nos cansamos da
dívida e nós temos que fazer com
que a dívida brasileira tenda a decair, para que nós possamos ficar
livres daquilo que é o fardo mais
pesado da nossa nação, que são as
elevadas taxas de juros".
CONGRESSO - "Eu agradeço
ao Congresso Nacional (...), aos
partidos que sustentam o governo, aos partidos de oposição (...),
pela compreensão que têm demonstrado e que, pela sua presença maciça neste ato, mais uma
vez demonstram a sintonia que
têm com esse nosso país".
PARCERIAS - "Não se trata de
um projeto concebido como se o
Estado fosse um leviatã (monstro
do caos, na mitologia fenícia), e
como se o Estado fosse a alavanca
para desenvolver às vezes setores
que não podem ser desenvolvidos ou para dar recursos àqueles
que não têm competência de bem
usá-los. (...) Nós estamos apresentando aqui um conjunto de
possibilidades que vão requerer
as parcerias".
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