São Paulo, Quarta-feira, 01 de Setembro de 1999
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REAÇÃO GOVERNISTA
Em tom de campanha, presidente fala sobre planos a 500 empresários e políticos no Planalto
FHC promete crescimento e "revolução"

WILSON SILVEIRA
AUGUSTO GAZIR
da Sucursal de Brasília

Cinco dias depois da marcha de protesto que levou cerca de 75 mil pessoas à Esplanada dos Ministérios, o presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu cerca de 500 políticos, empresários e altos funcionários do governo no Palácio do Planalto para prometer a retomada do crescimento econômico e uma "revolução na estrutura do Estado brasileiro".
Em tom de campanha, o presidente lançou o Plano Plurianual de investimentos, que foi batizado com o slogan de sua reeleição ("Avança Brasil"), e negou que tenha sido movido pelos altos índices de reprovação do seu governo.
"Eu estou pensando no Brasil, não é em popularidade", respondeu aos jornalistas.
Durante discurso de 50 minutos, o presidente elogiou o Congresso e atacou os opositores do seu governo. Segundo ele, os que não reconhecem os avanços do país são "carcomidos" e têm "cabeça de pedra".
Os recados também foram dirigidos aos organizadores da "Marcha dos 100 Mil": "O crescimento, quando não está embasado na estabilidade, é balofo e fofo". "Perdem-se as vozes que, tecidas na intriga, imaginam que o governo não terá a capacidade, junto com o Congresso, de aprovar as leis que vão dar base para esse crescimento".
Estavam presentes 12 governadores e quase todos os ministros. A seguir, trechos do discurso, aplaudido de pé:

REVOLUÇÃO -
"Agora sim o Orçamento passa a ser a peça essencial para o Congresso. Porque o Orçamento dirá o que será e o que não será feito. Dirá ao país o que será feito do recurso do contribuinte, com o tributo do contribuinte, que vai sim pagar imposto, mas vai saber onde vai ser aplicado esse imposto, programa por programa, e sabe quem é o responsável até individual pela execução de cada um desses programas. É uma revolução na estrutura do Estado brasileiro, na estrutura do governo brasileiro, que foi sendo feita silenciosamente, enquanto se gritavam pelas ruas muitas vezes de forma injusta que o governo não fazia outra coisa a não ser a estabilidade, como se a estabilidade não fosse a pedra fundamental para possibilitar tudo o mais que nós estamos construindo".

NEOLIBERALISMO -
"Não nos venha dizer que o Brasil não tem um projeto, nem nos venha dizer que o projeto se confunde com o programa de um partido".

CRESCIMENTO -
"O Brasil tem fome de crescimento, o Brasil vai crescer, nós confiamos no Brasil e nós temos a competência de fazer com que esse crescimento não desorganize as finanças".

JUROS -
"Nós nos cansamos da dívida e nós temos que fazer com que a dívida brasileira tenda a decair, para que nós possamos ficar livres daquilo que é o fardo mais pesado da nossa nação, que são as elevadas taxas de juros".

CONGRESSO -
"Eu agradeço ao Congresso Nacional (...), aos partidos que sustentam o governo, aos partidos de oposição (...), pela compreensão que têm demonstrado e que, pela sua presença maciça neste ato, mais uma vez demonstram a sintonia que têm com esse nosso país".

PARCERIAS -
"Não se trata de um projeto concebido como se o Estado fosse um leviatã (monstro do caos, na mitologia fenícia), e como se o Estado fosse a alavanca para desenvolver às vezes setores que não podem ser desenvolvidos ou para dar recursos àqueles que não têm competência de bem usá-los. (...) Nós estamos apresentando aqui um conjunto de possibilidades que vão requerer as parcerias".


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