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ANÁLISE
Governo propõe tarefa difícil de cumprir
da Sucursal de Brasília
Como tem ocorrido nos últimos anos, o governo foi obrigado ontem a acender uma vela
para a austeridade e outra para o
desenvolvimento -correndo o
risco de desagradar aos partidários de uma e de outro.
Para o mercado financeiro e os
organismos internacionais, foi
apresentado um Orçamento que
contempla as metas fiscais acertadas com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para o ano
2000.
Para os aliados políticos e seus
eleitores, um Plano Plurianual
com obras, programas sociais e
gastos diversos que ultrapassam
R$ 1 trilhão em quatro anos.
No papel, há harmonia entre
os dois objetivos. Na prática, as
coisas tendem a ser mais difíceis.
O equilíbrio fiscal depende de
medidas consideradas indesejáveis pelo próprio governo, como
aumentos de tributos que elevam os custos das empresas, casos da CPMF e da CSLL.
As propostas para acertar as
contas públicas de forma permanente -como a reforma tributária, a conclusão da reforma
da Previdência e a lei de responsabilidade fiscal- estão paradas
no Congresso.
Enquanto isso, o governo tem
poucas condições de resistir a
demandas de grupos organizados da sociedade e de sua base
aliada por mais gastos.
Nas últimas semanas, por
exemplo, foi necessário atropelar as ponderações da equipe
econômica e elevar os subsídios
agrícolas e os benefícios fiscais
para montadoras de automóveis.
É preciso rebater, ainda, as críticas da oposição contra os problemas sociais, elevando investimentos em saúde e educação.
Em seu primeiro mandato,
quando houve disputas internas
entre partidários da austeridade
e do "desenvolvimentismo", o
presidente Fernando Henrique
Cardoso sempre tomou partido
do primeiro grupo.
A diferença é que, naquele período, a promessa de manutenção da estabilidade da moeda e o
crescimento da economia, ainda
que modesto, mantinham o
prestígio de FHC -que agora
desabou.
Para recuperar a força política
e voltar a comandar votações difíceis na Câmara e no Senado, o
governo conta com a recuperação da economia e da popularidade do presidente.
O crescimento do PIB, porém,
fica comprometido quando o
mercado reduz investimentos e
eleva as cotações do dólar por
avaliar que o ajuste fiscal é pouco consistente.
(GUSTAVO PATÚ)
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