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Tese do Banco Mundial é privilegiada
da Redação
O encontro anual do Fundo
Monetário Internacional e do
Banco Mundial terminou ontem
em Washington como uma vitória para o presidente desta última
instituição, James Wolfensohn.
No dia 21, na entrevista que
abriu a reunião, Wolfensohn defendeu a discussão da pobreza
mundial. Dias antes, o Banco
Mundial havia divulgado um relatório citando os efeitos negativos da globalização na distribuição de renda dos países.
"No final do milênio, teremos 6
bilhões de pessoas no planeta, dos
quais 3 bilhões viverão com uma
renda inferior a US$ 2 por dia e 1,3
bilhão com menos de US$ 1 por
dia. A questão, para nós, é descobrir como podemos reduzir o número de pobres", disse ele.
No decorrer do encontro, a pobreza ganhou destaque. O FMI foi
autorizado a vender ouro de seus
cofres para obter recursos para
ajudar a financiar um projeto (estimado em US$ 30 bilhões) para
reduzir a pobreza em países considerados altamente endividados.
O ápice, porém, veio com o discurso do diretor-gerente do FMI,
Michel Camdessus, na terça. Ele
propôs uma ofensiva para "erradicar a pobreza e humanizar a
globalização", anunciando parceria com o Banco Mundial para ligar metas de programas de estabilização a condições sociais dos
países onde eles são adotados.
A declaração de Camdessus,
ainda que não fosse uma autocrítica -o FMI sempre foi acusado
de impor políticas econômicas recessivas que desprezam problemas sociais-, é inédita. O FMI
nunca havia abordado questões
sociais argumentando que seu
propósito básico é estabilizar as
contas externas dos países.
Camdessus disse, porém, que o
combate à pobreza está mais concentrado nos governos nacionais
do que nos organismos multilaterais. Alguns governos, por exemplo, são contrários à mudança de
agenda proposta para o FMI.
No último dia 16, o representante brasileiro no Fundo, Murilo
Portugal, participou de reunião
que discutiu a inclusão de metas
sociais nos programas do FMI.
Em princípio, o Brasil se opôs a
todas as medidas discutidas.
Pedro Malan (Fazenda), que no
início havia se manifestado contra a agenda social do FMI, recuou. "Ninguém em sã consciência pode ser contra a redução da
pobreza", afirmou, anteontem.
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