São Paulo, Sexta-feira, 01 de Outubro de 1999
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"Consenso terá nova dimensão"

de Washington

"O "Consenso de Washington" não acabou. Só terá uma nova dimensão." É assim que Michel Camdessus, o francês que dirige há 13 anos o FMI, explicou o impacto do novo discurso social do Fundo no conjunto dos princípios de redução do tamanho do Estado, da liberalização de capitais e da abertura comercial que tem dominado o debate econômico nesta década.
Numa mesa com oito jornalistas no tradicional almoço de encerramento da reunião anual do FMI e do Banco Mundial, Camdessus tratou do assunto com muito humor. Ao comentar a polêmica gerada no Brasil por suas declarações a favor dos pobres, o diretor-gerente do FMI disse que sempre defendeu a redução da pobreza.
"Isso não nasceu num café da manhã, é resultado de experiências acumuladas pelo Fundo ao longo dos anos. Continuo sendo um francês socialista para os americanos e um neoliberal para os europeus."
Segundo ele, o FMI se mantém como uma instituição com o objetivo de garantir o crescimento dos países por meio do ajuste de suas economias. A única diferença é que, de agora em diante, uma ênfase muito maior será dada à compatibilização dos fortes ajustes nas contas dos governos com as necessidades de gastos com saúde, educação e habitação.
A experiência dos últimos planos, como o da Coréia do Sul, demonstrou que o FMI não pode ignorar o assunto e deixá-lo só nas mãos dos governos. "Na Coréia, onde a família costuma proteger os seus, me disseram que o FMI não poderia contribuir com idéias. Eu concordei, mas depois verificou-se que o sistema era insuficiente para dar suporte aos demitidos."
Camdessus acredita que não existe contradição entre todos os princípios do ""Consenso" e uma maior luta contra a pobreza. "No caso do Brasil, manteremos o rigor fiscal, inclusive dentro dos gastos sociais."
Quem pensou que a linha dura do FMI tinha acabado estava enganado. "Somente jornalistas amadores podem ter interpretado meu discurso dessa forma."




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