|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Consenso
terá nova
dimensão"
de Washington
"O "Consenso de Washington" não acabou. Só terá
uma nova dimensão." É assim que Michel Camdessus,
o francês que dirige há 13
anos o FMI, explicou o impacto do novo discurso social do Fundo no conjunto
dos princípios de redução
do tamanho do Estado, da liberalização de capitais e da
abertura comercial que tem
dominado o debate econômico nesta década.
Numa mesa com oito jornalistas no tradicional almoço de encerramento da reunião anual do FMI e do Banco Mundial, Camdessus tratou do assunto com muito
humor. Ao comentar a polêmica gerada no Brasil por
suas declarações a favor dos
pobres, o diretor-gerente do
FMI disse que sempre defendeu a redução da pobreza.
"Isso não nasceu num café
da manhã, é resultado de experiências acumuladas pelo
Fundo ao longo dos anos.
Continuo sendo um francês
socialista para os americanos e um neoliberal para os
europeus."
Segundo ele, o FMI se
mantém como uma instituição com o objetivo de garantir o crescimento dos países
por meio do ajuste de suas
economias. A única diferença é que, de agora em diante,
uma ênfase muito maior será dada à compatibilização
dos fortes ajustes nas contas
dos governos com as necessidades de gastos com saúde,
educação e habitação.
A experiência dos últimos
planos, como o da Coréia do
Sul, demonstrou que o FMI
não pode ignorar o assunto e
deixá-lo só nas mãos dos governos. "Na Coréia, onde a
família costuma proteger os
seus, me disseram que o FMI
não poderia contribuir com
idéias. Eu concordei, mas
depois verificou-se que o sistema era insuficiente para
dar suporte aos demitidos."
Camdessus acredita que
não existe contradição entre
todos os princípios do ""Consenso" e uma maior luta
contra a pobreza. "No caso
do Brasil, manteremos o rigor fiscal, inclusive dentro
dos gastos sociais."
Quem pensou que a linha
dura do FMI tinha acabado
estava enganado. "Somente
jornalistas amadores podem
ter interpretado meu discurso dessa forma."
Texto Anterior: Nova agenda: Acordo com Brasil não muda, diz FMI Próximo Texto: Tese do Banco Mundial é privilegiada Índice
|