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"Vidente" lança livro contraditório sobre mortes
MÁRIO MAGALHÃES
em São Paulo
Teste realizado no laboratório
da indústria de armas Taurus, em
Porto Alegre, contradiz a principal afirmação da ""vidente" Amira
Lepore no seu recém-lançado livro ""72 Horas com PC Farias"
(editora Mania de Livro, 213 páginas, R$ 25).
De acordo com Lepore, PC Farias foi assassinado por sua própria namorada, Suzana Marcolino, em junho de 1996. Em seguida, Suzana teria sido morta por
um dos seguranças de PC.
A "vidente", que era consultora
espiritual e amiga de PC, vai depor à polícia semana que vem.
O perito criminalístico Domingos Tochetto e o legista Daniel
Muñoz concluíram, em laudo
apresentado em junho, que Suzana não deu nenhum tiro nas horas anteriores à sua morte.
Para que ela tivesse feito pelo
menos um disparo, teria de haver
-e não havia- resíduos de
chumbo, antimônio e bário em,
no mínimo, uma das mãos.
Numa simulação com até 12 mil
imagens por segundo, num "analisador de movimento", um vídeo
produzido no laboratório da Taurus mostra que uma nuvem de resíduos atinge a mão do atirador.
Os delegados Antônio Carlos
Lessa e Alcides Andrade já indiciaram quatro ex-seguranças de
PC como co-autores das duas
mortes e estudam o indiciamento
do deputado Augusto Farias
(PPB-AL), irmão do ex-tesoureiro de Fernando Collor, como
mandante. O suposto motivo:
disputa por dinheiro.
Em 1996, num inquérito repleto
de falhas, a polícia havia sustentado que Suzana matara PC e em seguida se suicidara.
Em seu livro, a "vidente" que
em abril de 1996 conviveu por três
dias com PC afirma que Suzana
matou o namorado e insinua que
ela estivesse a serviço de Augusto
Farias. O livro tem várias informações erradas e contraditórias.
Lepore diz que o filho da cozinheira Irene, o garçom Genival, se
chama Adeildo, que na verdade é
um dos seguranças -Adeildo
dos Santos- indiciados por duplo homicídio.
Troca os nomes dos irmãos de
PC com os de Suzana, chama o
deputado Augusto César de Luiz
Augusto, transforma um amigo
homossexual de Suzana em seu
noivo, recebe a notícia de que a
polícia queimou objetos da cena
do crime um dia antes do fato.
A descrição de Suzana vai de
"passional" a "fria e calculista",
conforme a página.
Não explica por que Augusto
Farias insistia duramente com o
irmão para abandonar Suzana
-fato não contestado por nenhuma testemunha, nem sequer
o deputado-, se ela estava "plantada" para eliminar PC.
Diz que esclareceu as mortes
numa "regressão" espiritual.
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