São Paulo, sábado, 01 de outubro de 2005

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RIBEIRÃO

Ele é acusado de receber propina

Polícia investiga se órgão repassou verba a Palocci

RICARDO GALLO
DA FOLHA RIBEIRÃO

A Polícia Civil de Ribeirão Preto vai investigar se o Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) superfaturou contratos como forma de repassar, irregularmente, recursos aos ex-prefeitos petistas Antonio Palocci, atual ministro da Fazenda, e Gilberto Maggioni, seu vice à época.
A investigação pretende apurar a veracidade do que declarou o advogado Rogério Tadeu Buratti em depoimento à polícia em 19 de agosto último. Na ocasião, Buratti afirmou que Palocci recebera R$ 50 mil mensais da empreiteira Leão Leão entre 2001 e 2002, quando administrava a cidade.
Quando Maggioni substituiu Palocci, passou a receber os repasses, segundo Buratti. Os dois negaram as acusações de Buratti, ex-vice-presidente da Leão Leão.
"Na época, o Buratti disse que cada pagamento que era feito pela prefeitura à empresa [Leão Leão] em parte retornava ao prefeito, e que parte era cobrada a mais objetivando a liberação da propina", disse o delegado seccional Benedito Valencise. Ele quer apurar se houve pagamento "excedente".
No início desta semana, Valencise recolheu cópias dos contratos de prestação do serviço do Daerp em 1993 e 1994, anos da primeira administração de Palocci, e de 2001 a 2004 -governos de Palocci e Maggioni. A operação da Polícia Civil ocorreu na segunda ou na terça, segundo o Daerp.
O delegado disse que foram apreendidos "relatórios de controle de serviços realizados" que incluem a varrição. "São documentos extremamente importantes que podem comprovar fraude na varrição, crime de peculato e falsidade ideológica que estamos investigando."
À xb, o atual diretor financeiro do Daerp, Edmar Damasceno, deu mais detalhes da operação: segundo ele, os contratos eram de limpeza pública -serviço prestado na cidade pela Leão Leão. A empresa recebeu R$ 73 milhões da Prefeitura de Ribeirão Preto de 2001 a junho de 2005 por serviços de coleta de lixo, varrição e operação de aterro.
Segundo Valencise, os documentos serão submetidos a perícia. Sem adiantar nomes, ele disse que "algumas pessoas" podem ser convocadas a depor. A investigação, do inquérito 26/2005, será retomada em outubro, quando o delegado retorna de férias.
Isabel Bordini, ex-superintendente do Daerp na gestão petista, não foi localizada. Em entrevista anterior, ela negou irregularidade em pagamentos. A direção da Leão Leão não quis se manifestar.


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