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JANIO DE FREITAS
Instantâneo eleitoral
Logo se saberá se fotografias de dinheiro são importantes para Lula; no PSDB, devem ser vistas como mantra eleitoral
CADA VOTO registrado na urna
eletrônica, para escolha do
presidente da República, estará decidindo entre as duas questões mais candentes a que os políticos e os meios de comunicação conduziram a campanha que joga com o
futuro do país. Lula errou ou acertou
ao recusar o debate, montado pela
TV Globo, com os adversários? As
fotos contrabandeadas por uma
"autoridade" da Polícia Federal, expondo o dinheiraço que pagaria o
dossiê anti-Serra, influem ou não na
escolha do presidente?
Nas duas questões sobressai, à
parte a importância de outros possíveis componentes, o aspecto ético. O
problema está em saber a quem se
refere o questionamento da ética. Se
a Lula, que sonegou a uma parte do
eleitorado esclarecimentos ou dificuldades suas, com o motivo menor
de não enfrentar os esperados destrambelhos de Heloísa Helena; ou se
a ética dos que, pela ausência de Lula, lhe despejam pesada artilharia de
acusações, mas são os mesmos Jereissatis, Heráclitos Fortes, Albertos Goldmans, & cia., que defenderam e justificaram as ausências de
Fernando Henrique nos debates
pré-eleitorais idênticos. Ou menos
que isso, porque não o ameaçavam
os abalos sísmicos de Heloísa.
Logo se saberá se fotografias de dinheiro são importantes, de algum
modo, para Lula e o PT. Mas no
PSDB devem ser vistas como um
mantra eleitoral. Na eleição passada, foi a operação montada milimetricamente por "autoridades" da Polícia Federal, e na qual Jorge Murad,
marido de Roseana Sarney, caiu em
cheio. Queimada a candidatura pefelista da governadora que se projetava, abria-se o caminho para a
candidatura peessedebista do então
ministro José Serra. Ao embalo de
seu lucro fotográfico no passado,
na reta final da campanha os hoje
oposicionistas cobraram a exibição
das novas fotos como a chave do paraíso eleitoral.
Os meios de comunicação, por sua
vez, contribuíram com parte ponderável da rasteirice temática na campanha para presidente. Cumpriram
muito bem, em sua tarefa informativa, a abordagem de ilegalidades e
desmandos sortidos, mas não foram
capazes de cobrar, ou de forçar mesmo, a exposição meticulosa e esclarecedora, pelos candidatos, da visão
que têm (se têm) dos temas nacionais de maior importância. Geraldo
Alckmin não deu sinais claros de
que tal cobrança lhe fizesse bem, até
ao contrário. Lula, porém, é certo
que se beneficiou muito da falta de
cobrança. Muitos dos temas importantes o levariam a embaraços desgastantes, dadas as prioridades anticrescimento econômico, com tantos
e graves efeitos, adotadas por seu governo em desmentido aos 20 anos
de sua pregação anterior. Não lhe
bastaria falar para a frente, teria que
explicar o para trás inexplicado e,
em maior quantidade, inexplicável.
Cristovam Buarque fez campanha
digna, mas não se valeu do seu melhor preparo para tratar, além da
educação, de muitos temas de interesse do eleitorado. A intenção fundamental de Heloísa Helena, muito
batalhadora, foi utilizar a candidatura para ampliar a base do PSOL. Só o
tempo indicará o resultado. Os dois
demais foram isso mesmo: demais.
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