São Paulo, segunda-feira, 01 de outubro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Asas cortadas

Primeiro foi o susto que os "franciscanos" do PMDB deram no governo ao derrubarem a Secretaria de Longo Prazo. Agora, a líder da bancada petista, Ideli Salvatti, está às voltas com a prodigiosa contabilidade de uma ONG tocada por aliados seus em Santa Catarina, tema de uma CPI a ser instalada nesta quarta-feira. A soma desses dois fatores aponta para o enfraquecimento da ofensiva do PT no Senado. O partido, que depois de ajudar a absolver Renan Calheiros (PMDB-AL) vinha trabalhando para substituí-lo por Tião Viana (PT-AC), terá de colocar as barbas de molho.
Acrescente-se o fator Eduardo Azeredo a embaraçar o PSDB e está pronto um quadro em que Renan poderá, finalmente, ganhar um refresco.

Retranca. Ideli havia indicado Eduardo Suplicy (PT-SP) para a CPI das ONGs, que terá como um dos focos de investigação as relações da senadora com a Fetraf-Sul. Depois, encostou Suplicy em uma vaga de suplente e colocou em seu lugar o mais maleável Sibá Machado (PT-AC).

Madrinha 1. O secretário-executivo da Fazenda, Bernard Appy, escolheu a Assembléia de Santa Catarina para conceder entrevista após reunião do Confaz, na quinta. A seu lado estava o deputado estadual Dirceu Dresch (PT).

Madrinha 2. Quando lhe perguntaram por que dera entrevista na Assembléia, já que a reunião ocorrera em outro local, Appy respondeu que atendia a um pedido de Ideli para "prestigiar" o deputado Dresch, seu aliado e ex-coordenador da ONG Fetraf-Sul.

Céu claro. O boletim de previsão do tempo da cúpula tucana indica que o Senado dará ao enrosco de Eduardo Azeredo no valerioduto mineiro tratamento igual ao dispensado às acusações contra Gim Argello (PTB-DF): arquivo, sob o argumento de que o caso é anterior ao mandato.

Sem essa. Mesmo assim o PSOL representará contra Azeredo nesta semana. O partido pretende alegar que o tucano mentiu, já como senador, ao dizer à CPI dos Correios que não sabia da existência de caixa dois em sua campanha reeleitoral para o governo de Minas, em 1998.

Mais uma. A senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) passou a fazer companhia aos deputados Henrique Fontana (PT-RS) e José Múcio (PTB-PE) na lista de possíveis substitutos do ministro Walfrido dos Mares Guia, parceiro de calvário de Eduardo Azeredo.

Precedente. Ao ler a entrevista em que Walfrido diz colocar "a mão no fogo" por Azeredo, de quem foi vice-governador, um colega de ministério comentou: "Bem, a mão no bolso ele já colocou...". Walfrido doou R$ 500 mil em 1998.

Second Life. Fulminada pelo Senado na semana passada, a Secretaria de Longo Prazo continua a existir no mundo virtual. Seu titular, Mangabeira Unger, e a estrutura da pasta sobrevivem no site da Presidência da República.

Ao gosto... O presidente do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), que era terminantemente contra juntar a terceira e a quarta representações contra Renan e designar para ambas um só relator, agora acha essa a melhor saída. Para embasar a tese, encomendou parecer à assessoria jurídica da Casa.

... do freguês. Como de praxe na crise Renan, o parecer vai confirmar o que o solicitante quer ouvir. Quintanilha diz que o "objeto" é o mesmo, logo, há justificativa jurídica para uni-los. Mas qual objeto? "Pedido de cassação contra o mesmo senador".

Ação de despejo. Depois de Santos, Salvador. O ministro dos Portos, Pedro Britto, foi à capital baiana na sexta instalar na Companhia Docas do Estado uma diretoria indicada pelo seu PSB. O PR está subindo pelas paredes.

Tiroteio

Pelo menos ninguém discute que, como presidente, Fernando Henrique sempre soube se comportar.


De EDUARDO JORGE CALDAS PEREIRA , secretário-geral da Presidência no governo FHC, sobre Lula, que acusou seu antecessor de não saber "se comportar como ex-presidente", dando "palpite o tempo inteiro".

Contraponto

Choque de gerações

Antes de chegar ao plenário da Câmara, o projeto de emenda constitucional que prorroga a CPMF teve de passar pela comissão especial, onde foi aprovado ao fim de demorada sessão. Já eram 3h quando Colbert Martins (PMDB-BA) interpelou Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG):
-Vossa Excelência agora é contra, mas, por ocasião da criação do imposto, seu pai votou favoravelmente!
O vice-líder da minoria não perdeu o bom humor:
-Senhor presidente, espero que, num futuro próximo, quando o filho do deputado Colbert sucedê-lo nesta Casa, vote diferentemente do pai, quando o governo, se do PT for, tentar novamente prorrogar a CPMF!


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