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Partidos da coalizão de Lula estarão rachados em 2008
Base aliada contraria pedido do presidente para repetir aliança em disputas municipais
Mesmo os tradicionais parceiros deverão ocupar palanques opostos e lançar candidaturas próprias nas grandes cidades do país
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar dos apelos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
para reprodução da aliança nacional na disputa municipal, a
ampla base de sustentação do
governo periga ruir nas eleições do ano que vem. Dispostos
a ganhar musculatura para as
eleições de 2010 -a primeira
sem Lula desde 1989-, os partidos aliados investem no lançamento de candidaturas próprias nas grandes cidades.
Até os tradicionais parceiros
do PT duvidam das chances de
a composição se repetir em todo o país. Na maior parte das cidades, PT e aliados deverão
ocupar palanques opostos.
Prova disso está no chamado
bloquinho de esquerda, que
tem o deputado Ciro Gomes
(PSB-CE) como potencial candidato à Presidência. Integrantes do bloco, PC do B, PSB e
PDT adotaram como norma
para 2008 o lançamento de
candidatos nas cidades com
mais de cem mil habitantes
(200 mil, no caso do PDT).
Onde não for possível, vão
costurar alianças dentro do
próprio bloco. "Só na impossibilidade disso, vamos tentar
com os partidos da esquerda da
base de apoio do governo. Aí, o
PT", explica o vice-presidente
do PSB, Roberto Amaral.
Plano para 2010
Para o presidente nacional
do PC do B, Renato Rabelo, "se
o bloco crescer e se consolidar,
tende a ser uma força importante na cena política". Lembrando que o bloquinho tem
quase o mesmo tamanho que o
PT na Câmara, Rabelo admite
que a eleição pode ser uma ferramenta para 2010.
"Sempre as eleições municipais são um instrumento de
força para 2010, seja para eleição de senadores, deputados,
governadores e até de presidente", afirmou.
Já o PMDB não só lançará
candidatos próprios como articula alianças com os partidos
de oposição. No Rio e em Campo Grande, por exemplo, deverá compor com o DEM.
"A realidade local é que dita a
aliança em eleição municipal",
afirma o presidente do PMDB,
Michel Temer, segundo quem
"é complicado" negociar alianças com o PT nos Estados.
Amaral reconhece que "o PT
e o PSB têm estratégias diferentes". "Cada um quer eleger o
maior número possível de candidaturas. Onde eles lançarem
candidatos e nós também, não
vai ter acordo. E o fato de eles
lançarem candidato não é inibidor do PSB", avisa.
O presidente nacional do
PDT, o ministro Carlos Lupi
(Trabalho), reconhece as dificuldades para a costura de
alianças, independentemente
das pretensões dos partidos para 2010. "A aliança é heterodoxa e a realidade local muito diferente. Há muitas disputas
nos municípios", ponderou.
Ainda assim, o secretário-geral do PDT, Manoel Dias, não
chega a descartar a hipótese de
o PT apoiar candidato de outro
partido de 2010. "Eles só têm o
Lula. Vão ter que apoiar quem o
Lula indicar". Amaral duvida:
"O PT apoiar o Ciro? No primeiro turno? Não. É natural
que o PT lance candidato, como
é natural que o PSB tenha candidato próprio", disse.
Decididos a lançar candidato
nos grandes centros, os petistas
sabem dos obstáculos para preservação da aliança nas principais cidades.
"Vamos tentar reproduzir
onde for possível. Mas não é
sangria desatada", frisou o secretário-adjunto de organização do PT, Jorge Coelho.
O problema não está apenas
nas capitais. "Até em Campinas, teremos de suar para garantir o apoio a dr. Hélio (prefeito, do PDT)."
Os aliados estarão em campo
adversário até em São Bernardo do Campo, domicílio eleitoral de Lula. Lá, o bloquinho deve apoiar o PSB, contra o PT.
Oposição
A rivalidade entre aliados
não é exclusividade do governo.
Em muitas cidades, PSDB,
DEM e PPS deverão estar em
palanques adversários.
Segundo o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo
Maia (RJ), há chances de aliança com os tucanos em três das
26 capitais do país: Fortaleza,
Goiânia e São Paulo.
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