São Paulo, quinta-feira, 01 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Amorim se filia ao PT em busca de um "palanquezinho"

Ministro diz que não tem intenção desde já de se candidatar; para presidente do partido, possibilidades estão em aberto

Intenção de chanceler seria evitar especulação sobre sua opção entre Serra e Dilma; Amorim vai colaborar com a campanha da ministra

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, surpreendeu os meios políticos e diplomáticos ao se filiar ontem ao PT, para ter "um palanquezinho", deixando assim em aberto a possibilidade de disputar a eleição para deputado federal pelo Rio no próximo ano. Ele também deve colaborar com o programa de governo da candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
"Daqui a um ano e três meses, nas melhor das hipóteses, se o presidente Lula não me mandar embora antes, eu vou deixar de ser ministro. Então, eu quero ter um palanquezinho, uma plateiazinha, digamos assim, para eu poder me manifestar", disse ele à Folha.
O ministro, porém, negou que tenha a intenção desde já de se candidatar. "Candidato? Não, a nada", disse.
Segundo o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), as possibilidades estão em aberto: "Ele se filiou para deixar claro o apoio à proposta política do PT. Não descarta nenhuma candidatura, mas não há projeto para isso no momento", disse.
Conforme a Folha apurou, um dos motivos para a filiação do ministro foi deixar claro que ele "tem lado" na eleição presidencial do próximo ano. Como era cotado para ser chanceler dos dois candidatos preferenciais de 2002 -Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e José Serra, do PSDB-, Amorim estaria evitando especulação sobre sua opção entre Serra e Dilma.
A filiação foi acertada com Berzoini na segunda-feira. Agora, são 18 os petistas no primeiro escalão do governo. Amorim flertava com o PT desde 2005, mas não se filiou antes para não ser acusado de partidarizar o Itamaraty. Na reta final do mandato, avaliou que não havia mais esse risco.
O ministro sempre se disse filiado ao PMDB, desde a década de 1980, mas contou ontem que fez uma pesquisa no partido nacional e no DF e não conseguiu levantar a sua ficha de filiação. Imagina que a filiação nunca existiu de fato.
Amorim nunca teve militância enquanto era ou se julgava peemedebista. No PT, ele pretende ajudar em discussões sobre política externa e defesa e na preparação para a campanha de Dilma. (ELIANE CANTANHÊ DE, FÁBIO ZANINI, LETÍCIA SANDER)


Texto Anterior: Supremo tem apenas dois juízes de carreira
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.