São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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ALTA ESPIONAGEM

Documentos foram apreendidos na Kroll, no Opportunity e em residências

Análise de material deve durar 40 dias

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A análise preliminar da mais de uma tonelada de documentos e equipamentos apreendidos pela Polícia Federal nos escritórios da Kroll, do Opportunity, da Brasil Telecom e nas residências de seus principais executivos deve durar pelo menos 40 dias.
Em Brasília, para onde foi o material arrecadado pela PF na última quarta, como resultado da Operação Chacal, uma equipe de policiais trabalha na análise da documentação em papel e de registros digitais de computadores.
A movimentação financeira do banco comandado por Daniel Dantas não é alvo da investigação. Mas, se for detectado algum indício de irregularidade, será submetida à apreciação do Ministério Público e da Justiça Federal.
Em ação que tramita na Justiça Federal no Rio, Dantas e outras pessoas físicas e jurídicas são acusados de improbidade administrativa, pois teriam usado irregularmente um dos fundos do Opportunity, com sede nas ilhas Cayman, para aplicar ilegalmente dinheiro no Brasil.
A investigação que culminou no cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão e cinco prisões tem como alvo o contrato firmado pela Brasil Telecom com a Kroll para espionar a Telecom Itália, empresa com a qual mantém disputas judiciais.
O contrato é assinado por Carla Cicco, presidente da Brasil Telecom, controlada pelo banco. A PF chegou a pedir, mas a Justiça não deferiu, a prisão de Dantas e Cicco. Os cinco presos são funcionárias da Kroll. A prisão deu-se sob a acusação de formação de quadrilha por conta de indícios reunidos na investigação de que a empresa atua à margem da lei e, principalmente, pela descoberta, na sede da Kroll, em São Paulo, de um equipamento que, segundo a PF, poderia ser usado para fazer escutas telefônicas clandestinas.
Conforme a legislação, a interceptação telefônica ou telemática é reservada a autoridades, só com autorização judicial.
Também são alvos um policial federal, um servidor do Banco Central, um da Receita e funcionários de companhias telefônicas. Eles estão na mira da PF porque repassariam à Kroll, mediante pagamento, informações sigilosas.
Os advogados dos presos, de Dantas e de Cicco ainda não conhecem a fundamentação que sustentou os mandados e as prisões em flagrante. A expectativa é que tenham acesso ao processo só na quarta-feira, depois do feriado.


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