São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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TURISMO PARLAMENTAR

Monitores criticam imprensa e dizem que deputados não precisam estar sempre no plenário

Guias defendem congressistas em "tour"

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os turistas que visitam o Congresso Nacional, em Brasília, além de verem obras de artistas como Cândido Portinari, a arquitetura de Oscar Niemeyer e conhecerem o funcionamento do Legislativo, passam parte do roteiro ouvindo críticas ao trabalho da imprensa, que, segundo os guias, atacaria a imagem dos congressistas.
"A imprensa mostra sempre o plenário vazio, ou com os deputados lendo jornal, falando no celular. É que eles não precisam estar no plenário para saber o que está acontecendo. Nos gabinetes, há caixas de som, então ele [deputado] não precisa estar no plenário para saber o que está acontecendo. Pelo contrário, ele tem coisas mais importantes para fazer no gabinete ou nas comissões", disse o guia Gabriel Gondim a turistas no feriado de 12 de outubro.
"Dizem que o parlamentar só trabalha de terça a quinta, mas na verdade ele trabalha mais do que a gente, porque sábado e domingo ele trabalha, ele está no Estado, ouvindo as bases, sabendo o que os seus eleitores precisam", continuou Gondim.
O discurso dele é embasado pela chefe-substituta do Serviço de Atendimento ao Público e de Visitação Institucional, do Departamento de Relações Públicas da Câmara, Teresinha Silva. "Temos essa preocupação [com a imagem]. Usamos nossa persuasão, nosso discurso para isso." Ela afirma que o departamento mostra às pessoas "que o parlamentar não é um burocrata, não precisa estar o tempo todo no plenário". Sobre a jornada de trabalho dos deputados, diz que "no final de semana eles continuam o trabalho, porque as negociações políticas não acontecem somente em Brasília".
Teresinha ressaltou, no entanto, que o discurso não é orientado pela presidência da Câmara. O chefe de gabinete do presidente João Paulo Cunha (PT-SP), José Humberto de Almeida, disse que a defesa da imagem do Congresso não faz parte do roteiro de visitação e que os monitores só a fazem se forem "provocados". Segundo ele, "a boa imagem da Casa é conseqüência do trabalho que se faz".
De janeiro a agosto deste ano, o Congresso recebeu uma média de 11.247 visitantes por mês.


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