São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DIA DE VITÓRIA


Prefeito eleito pede união para governar a cidade para todos

Tucano agradece ao amigo Fernando Henrique Cardoso



Serra dedica vitória à mãe e prega austeridade

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), chorou ontem ao dedicar sua vitória à mãe, Serafina. Num discurso emocionado, agradeceu ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e prometeu um governo de trabalho, de união e de austeridade. Depois de uma eleição que mostra uma cidade partida, Serra fez um apelo para que, "independentemente de tendências políticos", todas as forças se unam para enfrentar os problemas da cidade.
"São Paulo precisa da união de seus filhos para voltar a ser a terra de oportunidade que todos queremos, da extrema periferia ao nosso centro", conclamou ele, dizendo que "queria fazer um governo pela união de São Paulo".
Num recado claro aos eleitores de baixa renda, Serra prometeu governar para "os menos favorecidos". Segundo ele, "combater a desigualdade é condição para a governabilidade". "Se parte da cidade não vive bem, ninguém em São Paulo vai viver bem".
Ao lado do governador Geraldo Alckmin, Serra comemorou a vitória num clube, alugado pelo comitê de campanha, na avenida Paulista. Em discurso destinado à militância, reproduziu o apelo pela união de São Paulo:
"Recuperar São Paulo, fazer com que volte a ser chama de progresso, não é tarefa pequena. Vai muito além de uma pessoa, ou de um partido. Temos que somar toda a nossa cidade. Temos que somar todo o espírito público brasileiro para governar São Paulo".
Ainda que de forma contida, Serra chorou ao falar da mãe, Serafina, que passa maior tempo na cama, vítima de um derrame. "À minha mãe, dedico esta vitória, uma mulher que nasceu aqui há 88 anos, morando no mesmo lugar, na Mooca, numa vila".

Biografia
Num discurso recheado de referências biográficas -"cheguei aonde cheguei porque essa terra me abriu oportunidades"-, Serra citou o exemplo do pai, Francisco, morto em 1981, para prometer um governo de trabalho. Também se emocionou.
"Vamos governar para todos. Um governo de união e trabalho. Trabalho desde a primeira hora. Aprendi com meu pai, trabalhando desde as 5h, as 6h", disse
Agradecendo ao governador Geraldo Alckmin, Serra contou ter falado ao telefone com Fernando Henrique. "Queria deixar aqui um abraço ao amigo que não está presente fisicamente, mas está presente entre nós, com seu espírito", afirmou.
Fazendo um agradecimento especial às mulheres, prometeu um governo de austeridade, o que, disse, "não significa gastar menos. Mas gastar melhor".
Serra elogiou ainda o espírito democrático do paulistano, que "preferiu perder quatro dias de feriado a quatro anos de prefeitura". O prefeito eleito disse ainda que "esta eleição caracteriza a alternância e contribui pelo processo democrático".
O tucano -que deverá viajar nos próximos dias- insistiu na idéia do governo de "amizade". Seus aliados estão preocupados com dificuldades na transição. "Demos um exemplo em 2002. Esperamos que o PT faça o mesmo", disse o presidente municipal do PSDB, deputado estadual Edson Aparecido, lamentando a dificuldade de se "assenhorar dos dados da prefeitura".
Serra frisou: "Esperamos todas forças, todos aqueles que, mesmo divergindo da gente ali e acolá, queiram bem da cidade, que se somem a essa luta", disse ele, evitando citar a adversária.
Só Alckmin alfinetou: "O PT colocou vencer São Paulo como questão de honra. Vencemos em São Paulo com honra", disse Alckmin, citando as prefeituras em que PSDB saiu vitorioso.
Serra, ao contrário, insistiu na idéia de união.
"A cidade onde nasci, cresci e me eduquei é que me abriu oportunidades na vida. Meu dever é fazer essa cidade voltar a ser uma terra de oportunidade."


Texto Anterior: Tempo quente: No litoral, fila e calor para justificar o voto
Próximo Texto: Isto é Serra
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.