São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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DIA DE DERROTA

Marta agradece periferia e deseja sorte a Serra


Prefeita de SP não aparenta estar abatida depois de derrota para tucano

Para Dirceu, petista sai de disputa fortalecida dentro e fora do partido



PEDRO DIAS LEITE
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem demonstrar abatimento aparente, a prefeita Marta Suplicy (PT) disse ontem à noite que "a luta continua" e desejou a José Serra (PSDB) que "faça o melhor governo possível".
A candidata derrotada falou rapidamente na porta de sua casa. Saiu, deu sua mensagem e voltou para dentro, sem responder a perguntas dos repórteres.
Marta agradeceu "ao povo da cidade de São Paulo os 2,5 milhões de votos" e mencionou especialmente a periferia, onde foi melhor que sua média geral.
A periferia foi também o foco dos cardeais petistas que estiveram na casa da prefeita. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) chegou a ler um papel com o percentual das votações de Marta em regiões pobres da cidade, para concluir que "a periferia de São Paulo expressou nas urnas o resultado de um trabalho".
Amigos e políticos que saíam da casa de Marta afirmavam que a prefeita não estava abatida, mesmo longe dos jornalistas.
"Ela é muito forte", afirmou a mulher do secretário municipal de Planejamento de São Paulo, Jorge Wilheim.
Entre os que foram à casa da prefeita, estavam os ministros José Dirceu (Casa Civil), Luiz Gushiken (Comunicação) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça), além de lideranças municipais, como seu candidato a vice, Rui Falcão, e de seus familiares e amigos.

"Sai com muita força"
Dirceu afirmou que, mesmo com a derrota, a expressiva votação da prefeita a fortalece no partido e fora dele.
"Acredito que [Marta] sai da eleição com muita força política eleitoral", disse o ministro-chefe da Casa Civil. De acordo com Dirceu, a prefeita ainda não tinha falado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo menos até as 21h de ontem.
O presidente do PT, José Genoino, também disse que a prefeita derrotada "é uma liderança forte nacionalmente no partido, que merece o nosso respeito e a nossa admiração".
Genoino afirmou que a atual administração é "de esquerda, o orgulho do PT" e criticou Serra. Segundo Genoino, o tucano "utilizou a rejeição à companheira Marta Suplicy, alguns preconceitos e fez uma unidade das forças contra o PT".

Transição
O senador Mercadante, que chamou Serra de prefeito apesar de a posse ser apenas em 2005, defendeu que ocorra uma "transição pactuada".
"Terminadas as eleições, é muito importante que o governo que sai busque contribuir para o governo que entrar. Isso tem ajudado a governabilidade", afirmou. O senador disse esperar que as políticas de Marta para os pobres não sejam interrompidas por Serra.
Os últimos convidados deixaram a casa de Marta, no Jardim Europa, por volta das 22h. A prefeita só reapareceu quando foi se despedir dos filhos, que estavam com as mulheres e os netos da petista. O marido de Marta, Luis Favre, brincava com um deles, em aparente ar de tranqüilidade.


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