São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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A Mooca no poder

Da zona leste, onde Serra nasceu, ao Alto de Pinheiros, onde vive, conheça os pontos prediletos do prefeito eleito na cidade

PAULO SAMPAIO
DA REVISTA DA FOLHA

Moquense ou moqueiro? Quem nasce na Mooca é o quê? O prefeito José Serra prefere a primeira opção, como a maioria dos que vivem no bairro de origem italiana, onde ele nasceu. Foi lá que Folha iniciou o percurso que ele fez até o Alto de Pinheiros (oeste), onde mora, traçando uma espécie de roteiro de suas preferências.
"Ele é do tipo que come quieto", diz João Donato Neto, 67, o dono da pizzaria Castelões, no Brás.
Com 80 anos de existência, a Castelões é uma das preferidas do prefeito eleito, que costuma ir com a mulher, Monica, ou as tias, Carmela, Rosa e Thereza, que moram na travessa Alta Floresta, Mooca. Nessas ocasiões, diz Neto, pede pizza meia calabresa, meia mozarela (R$ 33,00). "Ele é muito discreto, mas não se recusa a dar autógrafos. Essa fama de mau-humorado é injusta", acha.
Na escola Antônio Fermino de Proença, em frente à travessa, a empresária Zilda Marçola, "amiga de infância" de Serra, liga para tia Carmelita pelo celular:
"Não tia, não é para dar entrevista!", diz Zilda, gritando. "Só para ver se a senhora lembra os lugares que ele costuma freqüentar...O Di Cunto e o que mais?", referindo-se à confeitaria de 1896.
Foi na confeitaria, já em campanha, que Serra reuniu no começo de agosto uma animada mesa de parlamentares e correligionários: entre eles Jorge Bornhausen, José Carlos Aleluia, Alberto Goldman, Cláudio Lembo, Andrea Matarazzo e Edson Aparecido. Naquela ocasião, e mesmo quando o cardápio não inclui política, o prefeito eleito pediu sanduíche de pernil "sem molho acebolado" e -o que ele mais gosta: carolinas recheadas com creme de ovos e vinho marsala, com calda de chocolate quente (profiteroles).
"Na segunda-feira logo após o primeiro turno, ele fez uma caminhada pelo Brás distribuindo profiteroles", conta Pedro Porta Filho, 58, proprietário.
O percurso até o outro extremo da cidade inclui o Mercado Municipal, onde o pai do prefeito foi vendedor de abacaxi.
Parada para cafezinho na livraria Fnac, outro "point" frequentado por Serra (que costumar pedir café expresso, R$ 1,70, e pedaço de torta de limão, R$ 5,20). Na avaliação do gerente, Carlos Lages, 29, as pessoas que o abordam ali "são aquelas de certo nível intelectual": "Ele está sempre lendo, escrevendo, não dá coragem de chegar".
Mesmo assim, Lages conta que um antigo funcionário resolveu cumprimentá-lo.
"Me dá licença, sr. Quércia, posso pedir um autógrafo?"
""Como assim, Quércia?"
Mais adiante, perto da residência do prefeito, no Alto de Pinheiros, um caminhão-quase-tanque do exército, com uma bandeira tucana e vários decalques grandes do número 45 na lona que cobre a caçamba, chama a atenção em frente ao restaurante Fidel, também frequentado por Serra.
O proprietário do restaurante (e também do caminhão), Marcos Oliveira, 56, explica que arrematou a carcaça (sem o motor) em um leilão por R$ 1.500.
Quem olha o caminhão com a bandeira e os números do prefeito, imagina que Oliveira é "Serra doente" -mas ele explica que apenas prefere o candidato do PSDB. "Entre o Serra e a Marta, fico com ele", diz.
Vítima de um assalto há pouco menos de um ano, Oliveira explica que o número 45 faz lembrar bem mais o calibre do revólver do assaltante que atirou nele.
O Fidel foi o último restaurante do roteiro visitado por Serra na quarta-feira. Ele chegou ao lugar por volta de 23h30, com a mulher, e pediu salmão grelhado com legumes (R$ 35) e água com gás.
"Ele é o anti-estrela, muito discreto, ninguém nota quando entra e sai", diz o mâitre Zacarias Santana, 42.


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