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FORTALEZA
Prefeita eleita critica política
econômica do governo federal
Petista articula formação de
um bloco de prefeitos do Nordeste
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Luizianne vence e tenta maioria na Câmara
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
A prefeita eleita de Fortaleza,
Luizianne Lins (PT), 35, faz história ao vencer o pleito mesmo sem
o empenho da cúpula nacional
petista, que a abandonou no primeiro turno por outro candidato
e que, no segundo, ficou afastada
de sua campanha eleitoral.
Luizianne, que começou a campanha eleitoral como "azarão",
conquistou 56,21% do total de votos, contra 43,79% de seu adversário, Moroni Torgan (PFL), com
uma vantagem de 137 mil votos.
A vitória, no primeiro turno,
contra a vontade de lideranças
nacionais do PT, como o presidente nacional do partido, José
Genoino, e o ministro José Dirceu
(Casa Civil), que apoiaram Inácio
Arruda (PC do B), dá legitimidade
à petista, que quer governar com
o apoio do governo de Luiz Inácio
Lula da Silva, mas sem ser obrigada a concordar com tudo o que
for determinado. "Teremos um
diálogo altivo", disse a candidata
após confirmada a vitória.
Da ala mais à esquerda no partido, a Democracia Socialista, Luizianne tem críticas à política econômica e até ao método político
do governo federal de lidar com
aliados, que inclui a concessão de
cargos, por exemplo, mas deixou
tudo de lado na campanha e, com
um discurso bem ameno, agora
fala da necessidade de garantir a
governabilidade.
A busca por esse item começa já
nesta semana, principalmente
porque Luizianne não tem a
maioria dos vereadores eleitos na
Câmara Municipal. Do grupo dela, ninguém se elegeu. Das 41 vagas, três são de petistas ligados ao
Campo Majoritário, mais à direita
no partido, e outros 13 são de oito
partidos aliados, das mais diversas correntes ideológicas (vai de
PC do B e PSB, que são partidos
de esquerda, até o PRP, que é uma
sublegenda do PSDB no Ceará).
Nas conversas sobre coalizão,
Luizianne fala em compor, ainda,
com outros petistas eleitos em capitais do Nordeste (Marcelo Déda, em Aracaju, e João Paulo, no
Recife), para formar um bloco de
reivindicações ao presidente Lula.
A idéia da petista é que o governo deixe de ter olhos apenas para
as regiões Sudeste e Sul, onde o PT
é tradicionalmente mais forte, para se voltar ao Nordeste, com investimentos que fortaleçam as administrações do partido e as
transforme em modelos.
A vitória de Luizianne fortalece
o PT do Ceará para a disputa de
2006 ao governo do Estado, mas,
ao mesmo tempo, também acirra
a briga interna para saber qual das
correntes do partido terá a supremacia sobre as demais.
Existe um certo consenso entre
os petistas de que o partido deverá ter candidato próprio. O grupo
do Campo Majoritário tem a
maioria no interior do Estado, em
contraponto à Democracia Socialista, de Luizianne, que tem a hegemonia na capital.
Na campanha e sem apoios, ela
só cresceu quando houve a tentativa de esvaziar o partido, iniciada
por petistas que preferiam Inácio
e que lançaram o movimento
"Sou PT, voto Inácio".
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