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Lula pede entendimento e diz ter "plena legitimidade"
Presidente afirma que nome de seu segundo mandato será "desenvolvimento"
Petista diz que continua
empenhado "em que os
órgãos de investigação e da
Justiça apurem todas as
denúncias de corrupção"
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No momento em que setores
da oposição descartam um entendimento com o governo, o
presidente reeleito Luiz Inácio
Lula da Silva afirmou ontem,
em pronunciamento em cadeia
de rádio e TV, que a votação que
obteve nas urnas no domingo
lhe dá "plena legitimidade ao
exercício do poder". O petista
admitiu porém que há "questões éticas a discutir e superar".
"Uma votação maciça, como
a que tivemos, eu e o meu companheiro José Alencar, dá plena legitimidade ao exercício do
poder, mas não resolve, num
passe de mágica, os problemas
nacionais. Volto a afirmar que o
nome do meu segundo mandato será desenvolvimento (...). E
é em torno desta proposta, capaz de unir todos os brasileiros
e brasileiras, que venho pedir o
esforço e o entendimento nacionais." Lula disse que alguns
afirmavam que a disputa presidencial "iria dividir o Brasil em
dois, e isso não ocorre". "A exposição franca dos problemas
mostrou, para toda a sociedade,
que ainda existem Brasis profundamente desiguais. E o
quanto é urgente e necessário
que as desigualdades sociais e
regionais diminuam", disse.
No pronunciamento de seis
minutos, gravado no início da
tarde de ontem, o presidente
disse que entre os desafios que
o Brasil tem a vencer está o
"atraso político". Na mesma linha, sem mencionar diretamente crises que abalaram seu
governo, como a crise do dossiê
e o mensalão, citou as questões
"éticas" a serem superadas. "O
Brasil tem ainda uma enorme
dívida social a resgatar, um
grande atraso político a vencer
e questões éticas a discutir e superar. No que depender de
mim, vou acelerar a solução de
todas as pendências e estimular
democraticamente os outros
Poderes a fazerem o mesmo".
E completou: "Continuarei
empenhado em que os órgãos
de investigação e da Justiça
apurem todas as denúncias de
corrupção e que os culpados sejam exemplarmente punidos".
O presidente falou sobre a
importância do "diálogo" com
todos os setores nacionais,
num tom mais direto do que o
adotado na entrevista concedida no domingo. "Como homem
de diálogo que sempre fui, estendo mais uma vez as mãos
para o entendimento e a concórdia. Conclamo toda a sociedade, a começar pelas lideranças políticas e movimentos sociais, a unirmos o Brasil em torno de uma agenda comum de
temas de interesse geral."
A seguir, Lula falou sobre o
apoio que terá da maioria dos
governadores eleitos, um quadro mais favorável do que encontrou no início de seu primeiro mandato, em 2003. O petista terá o apoio de pelo menos
16 dos 27 governadores.
"É um chamamento maduro
e sincero feito por um presidente que está saindo de uma
vitória expressiva nas urnas,
que conta com o apoio majoritário dos governadores eleitos e
que terá uma base sólida no
Congresso Nacional", afirmou.
Leia a íntegra do pronunciamento de Lula www.folha.com.br/063045
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