São Paulo, quarta-feira, 01 de novembro de 2006

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Serra admite ter "aliança institucional" com Lula

Governador eleito faz críticas à política econômica, mas abre janela para diálogo

Tucano diz não ser adepto do "quanto pior, melhor" e que desejou "boa sorte" a presidente: "Boa sorte dele é boa sorte dos brasileiros"

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador eleito de São Paulo, José Serra, deu ontem uma mostra de como será sua atuação à frente do Estado. Em sua primeira entrevista após eleito, disse -após um telefonema ao presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva- que pretende ter, institucionalmente, a "melhor relação possível" com o governo federal.
"Não fomos, não somos, nem nunca seremos adeptos do quanto pior melhor", discursou Serra, antes de sua primeira entrevista como governador eleito. "Em suma, não esperem de mim o adesismo que não se respeita nem a agressão que não oferece respeito", concluiu.
Mas, ao mesmo tempo em que promete "ser sincero cooperador nessa aliança institucional", Serra se apresenta como crítico da política econômica em vigor. Segundo ele, é preciso "encerrar um difícil período da vida nacional, durante o qual desenvolvimento tornou-se um palavrão, e desenvolvimentista, um insulto", discursou Serra, para quem o "Banco Central errou e tem errado".
O tucano telefonou a Lula para parabenizá-lo pela eleição, em retribuição ao gesto do presidente do primeiro turno. "Apenas desejei boa sorte porque a boa sorte dele é a boa sorte dos brasileiros", disse ele.
Ele deverá se encontrar com o presidente Lula após uma viagem que fará a Washington na tentativa de uma reajuste de contrato para financiamento das obras do metrô.
Segundo Serra, Lula sugeriu que conversassem na volta da viagem, o que só deve acontecer na segunda quinzena deste mês. Embora afirme que a pauta de negociação deva ser fixada pelo presidente, Serra disse esperar que, "na questão Rodoanel e metrô, o governo federal faça sua parte". Para ele, a cooperação com o governo federal na área de segurança é "o começo do começo".

Equipe
Na entrevista, o governador eleito oficializou a escolha de Mauro Ricardo Costa para sua Secretaria de Fazenda. Ele também reconheceu a possibilidade de o secretário municipal de Negócios Jurídicos, Luiz Antônio Marrey, integrar sua equipe. Outro potencial secretário, Francisco Luna, assistiu à entrevista do tucano.
Serra frisou que não existe incompatibilidade entre desenvolvimento e estabilidade da moeda. Essa, diz, é uma "enganação dos economistas".
"Desenvolvimentista passou a ser insulto. Fulano é um desenvolvimentista. Desenvolvimento passou a ser uma coisa amaldiçoada", afirmou.
Ele lembrou a economista Joan Robinson -que sugeria que se estudasse economia para não se deixar enganar por um dos seus- para dizer: "Como estudei economia, não sou enganado pelos economistas. Estou chamando a atenção para também se precaverem contra enganação".


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