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Serra admite ter "aliança institucional" com Lula
Governador eleito faz críticas à política econômica, mas abre janela para diálogo
Tucano diz não ser adepto do "quanto pior, melhor" e que desejou "boa sorte" a presidente: "Boa sorte dele é boa sorte dos brasileiros"
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador eleito de São
Paulo, José Serra, deu ontem
uma mostra de como será sua
atuação à frente do Estado. Em
sua primeira entrevista após
eleito, disse -após um telefonema ao presidente reeleito
Luiz Inácio Lula da Silva- que
pretende ter, institucionalmente, a "melhor relação possível" com o governo federal.
"Não fomos, não somos, nem
nunca seremos adeptos do
quanto pior melhor", discursou
Serra, antes de sua primeira entrevista como governador eleito. "Em suma, não esperem de
mim o adesismo que não se respeita nem a agressão que não
oferece respeito", concluiu.
Mas, ao mesmo tempo em
que promete "ser sincero cooperador nessa aliança institucional", Serra se apresenta como crítico da política econômica em vigor. Segundo ele, é preciso "encerrar um difícil período da vida nacional, durante o
qual desenvolvimento tornou-se um palavrão, e desenvolvimentista, um insulto", discursou Serra, para quem o "Banco
Central errou e tem errado".
O tucano telefonou a Lula para parabenizá-lo pela eleição,
em retribuição ao gesto do presidente do primeiro turno.
"Apenas desejei boa sorte porque a boa sorte dele é a boa sorte dos brasileiros", disse ele.
Ele deverá se encontrar com
o presidente Lula após uma viagem que fará a Washington na
tentativa de uma reajuste de
contrato para financiamento
das obras do metrô.
Segundo Serra, Lula sugeriu
que conversassem na volta da
viagem, o que só deve acontecer na segunda quinzena deste
mês. Embora afirme que a pauta de negociação deva ser fixada
pelo presidente, Serra disse esperar que, "na questão Rodoanel e metrô, o governo federal
faça sua parte". Para ele, a cooperação com o governo federal
na área de segurança é "o começo do começo".
Equipe
Na entrevista, o governador
eleito oficializou a escolha de
Mauro Ricardo Costa para sua
Secretaria de Fazenda. Ele
também reconheceu a possibilidade de o secretário municipal de Negócios Jurídicos, Luiz
Antônio Marrey, integrar sua
equipe. Outro potencial secretário, Francisco Luna, assistiu à
entrevista do tucano.
Serra frisou que não existe
incompatibilidade entre desenvolvimento e estabilidade
da moeda. Essa, diz, é uma "enganação dos economistas".
"Desenvolvimentista passou
a ser insulto. Fulano é um desenvolvimentista. Desenvolvimento passou a ser uma coisa
amaldiçoada", afirmou.
Ele lembrou a economista
Joan Robinson -que sugeria
que se estudasse economia para não se deixar enganar por
um dos seus- para dizer: "Como estudei economia, não sou
enganado pelos economistas.
Estou chamando a atenção para também se precaverem contra enganação".
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