|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ao comentar eleição, EUA citam escândalo
Petista ganhou "apesar de escândalos de corrupção ligados a seu partido", afirma texto do Departamento de Estado
O presidente George Bush telefonou para Lula ontem e pediu ao brasileiro que lhe transmitisse "know-how"
de como ganhar eleições
DE WASHINGTON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Comunicado do Departamento de Estado norte-americano cita "escândalos recentes
de corrupção" ligados ao PT ao
comentar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de
domingo. A contundência é incomum em textos do tipo.
"A vitória de Lula", disse o
departamento, "é grandemente
devida a sua associação a programas sociais populares e a
uma "economia viva" no Brasil,
"apesar de escândalos recentes
de corrupção ligados ao seu
Partido dos Trabalhadores'",
afirma o texto, escrito por um
dos serviços do próprio departamento e citando declarações
anônimas do órgão.
O comunicado é produzido
pelo Usinfo, agência de notícias
relacionadas à política externa
dos EUA. O autor das declarações do Departamento de Estado não é identificado.
"O departamento disse que o
partido de esquerda de Lula
não conseguiu ganhar a maioria nas eleições legislativas e
"vai precisar trabalhar com os
partidos de oposição para aprovar reformas estruturais legislativas importantes para melhorar o crescimento da economia'", continua o texto, intitulado "EUA parabenizam Brasil
por eleição "justa e livre'".
A Embaixada do Brasil em
Washington não comentou o
comunicado. A Folha apurou
que o episódio foi considerado
"curioso" e encarado pelos diplomatas brasileiros mais como uma "gafe" do que como
um recado entre países
Telefonema
Ontem pela manhã, Lula recebeu um telefonema do presidente norte-americano, George W. Bush. O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, relatou
o diálogo. "Uma conversa rápida, de cinco minutos, muito
amigável, em que o presidente
[Bush] parabenizou o presidente Lula por sua recente vitória eleitoral", afirmou Snow.
"Os dois também falaram de
questões de interesse mútuo,
que incluem energia, biocombustíveis e comércio."
Em desvantagem nas eleições legislativas neste mês em
seu país, Bush pediu a Lula um
pouco do seu "know-how" para
vencer as eleições, segundo relato do ministro Celso Amorim
(Relações Exteriores). "Você
teve uma vitória espetacular,
você tem de me dar um pouquinho do seu "know-how", porque
estou precisando, para ganhar
agora", brincou Bush.
Lula também conversou ontem com o primeiro-ministro
do Reino Unido, Tony Blair.
Segundo Amorim, Bush convidou Lula para uma visita aos
Estados Unidos, que deve ocorrer no início do ano que vem.
Blair, por sua vez, foi chamado
para uma visita ao Brasil.
Segundo Amorim, Lula não
conseguiu falar com Hugo Chávez, presidente da Venezuela, e
Evo Morales, da Bolívia, por
questões de agenda. Ele ainda
agendaria conversas com Néstor Kirchner, da Argentina, e
Álvaro Uribe, da Colômbia.
Lula já tinha conversado com
o paraguaio Nicanor Duarte e a
chilena Michelle Bachelet. Ontem falou também com o primeiro-ministro espanhol, José
Luis Zapatero, e com o ditador
da Líbia, Muammar Gaddafi.
(SÉRGIO DÁVILA, PEDRO DIAS LEITE E EDUARDO SCOLESE)
Texto Anterior: Mantega afirma que prepara medidas na área fiscal para apresentar ao presidente Próximo Texto: Análise: Acusações não devem permitir a Lula uma segunda lua-de-mel Índice
|