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ANÁLISE
Acusações não devem permitir a Lula uma segunda lua-de-mel
Vanderlei Almeida/France Presse
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Maria Nilza exibe seu cartão do Bolsa Família, criado por Lula |
LARRY ROHTER
DO "NEW YORK TIMES"
Ao conquistar reeleição no
domingo com 60,8% dos votos,
Luiz Inácio Lula da Silva quase
repetiu o desempenho acachapante que o tornou presidente
do Brasil quatro anos atrás.
Mas uma segunda lua-de-mel
ou uma pausa nas acusações de
corrupção e outras dificuldades
que vêm prejudicando seu governo, não parecem prováveis.
Lula enfrentará um segundo
mandato difícil. Seu PT está debilitado por escândalos de corrupção, e ele está sob pressão
para adotar políticas econômicas mais populistas. Mas para
conseguir aprovar seu programa legislativo, ele corre o risco
de se ver forçado a aceitar acordos eticamente questionáveis,
exatamente como aqueles que
causaram as dificuldades que
seu governo vem enfrentando.
Mesmo antes do início de seu
segundo mandato, Lula enfrenta a perspectiva daquilo que alguns brasileiros vêm definindo
como "o terceiro turno" da eleição. Embora a dimensão de sua
vitória deva desencorajar os
oposicionistas a pedir seu impeachment, há processos em
curso nos tribunais, e detê-los
pode se provar mais difícil.
Há também a questão prática
de como Lula planeja administrar a máquina do governo. O
PT tinha escassa experiência
administrativa, para começar, e
como resultado dos escândalos
muitas das figuras em que ele
confiava caíram em desgraça.
Lula ocasionalmente expressa frustração por não conseguir
o que quer do Legislativo. Em
jantar recente, diz-se que ele
teria dito que tinha "vontade de
fechar o Congresso".
Lula se recusou a assinar
uma petição que solicitava que
os candidatos assumissem o
compromisso de não convocar
Assembléia Constituinte. Oposicionistas tomaram esses lapsos como motivo para sugerir
que um segundo mandato veria
Lula ceder a seus impulsos autoritários. Mas a maioria dos
analistas desconsidera as declarações ambíguas e os alertas
sombrios da oposição como
simples retórica de campanha.
Não está claro se Lula interpretará sua vitória esmagadora
como absolvição pelos casos de
corrupção. "O PT disse que estava se reestruturando, e logo a
seguir se envolve em um escândalo bizarro como esse", disse
Jairo Nicolau, professor de
ciência política: "Se não aprenderam nada de 2005 para cá,
não há garantia de que não repetirão os mesmos erros".
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