São Paulo, quarta-feira, 01 de novembro de 2006

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Para oposição, ação da PF "é só o começo"

No plenário do Senado, a Polícia Federal e o governo Lula são acusados de tentar cercear a liberdade de imprensa

"Será que esta é a postura nova que Lula diz que vai ter com a mídia? Se é esta, vai nos encontrar pela frente", afirmou o líder do PFL

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A polêmica sobre o depoimento de repórteres da revista "Veja" à Polícia Federal gerou ontem protestos de líderes da oposição.
"Manifesto preocupação com os estranhos e lamentáveis constrangimentos a que foram submetidos os repórteres da revista "Veja". Quando alguém se sente injustiçado pela imprensa, pode e deve recorrer aos instrumentos que nos faculta a democracia, jamais à intimidação. A imprensa não existe para apoiar ou discordar, mas para ser livre", disse o governador eleito de São Paulo, José Serra.
O episódio foi levado ao plenário do Senado pelo senador Heráclito Fortes (PFL-PI), a pedido do presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE). Informado do caso, o tucano telefonou para o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) cobrando explicações sobre o ocorrido.
"Não é aceitável que um partido cujos integrantes tenham passado por vexames e constrangimentos na caminhada desta nação em busca de trilhas para a liberdade de imprensa esqueça tudo isso e justifique atitudes arbitrárias", disse Heráclito. "É apenas o início do que, pelo que se prevê, vem por aí", completou.
A fala de Heráclito abriu uma onda de reclamações. "Será que esta é a postura nova que Lula diz que vai ter com a mídia? É constranger a mídia? Se é esta, vai nos encontrar pela frente. Recebeu essa enxurrada de votos, perdeu a humildade e está calçando salto alto demais", disse o líder do PFL na Casa, José Agripino Maia (RN).
"Conheço o ministro Thomaz Bastos e dele sou amigo, mas não posso admitir que silencie diante de tal violência", disse Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), antes do Bastos se manifestar sobre o caso.
Após reclamar de "muita controvérsia" na reportagem da revista que tratava de uma suposta operação-abafa da Polícia Federal no caso do dossiê contra tucanos, a líder do PT, Ideli Salvatti (SC), saiu em defesa do governo. Disse que trazia um relato do diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, negando a postura hostil de delegados no depoimento.
Segundo Ideli, a primeira repórter a ser ouvida "respondeu o que quis, não sofrendo qualquer tipo de constrangimento". Na seqüência, ainda conforme a petista, a repórter tentou conversar no corredor com o segundo jornalista que iria para depor, mas isso "não é permitido até para não haja contaminação ou combinação do que será apresentado no depoimento". "Como não tenho nenhum motivo para duvidar da palavra do dr. Paulo Lacerda, faço questão de apresentar [as explicações] aqui no plenário", disse a petista.


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