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Ex-assessor de Mercadante usou telefone "frio", diz PF
Hamilton Lacerda fez ligações de um número em outro nome para os envolvidos no dossiê
A polícia registrou que do celular "frio", o petista teria falado com um telefone em Florianópolis ao lado da corretora investigada
LEONARDO SOUZA
ADRIANO CEOLIN
ANDREA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha de Aloizio Mercadante ao governo de
São Paulo, teria usado um telefone "frio" para falar com os petistas envolvidos com a negociação do dossiê contra tucanos, segundo a Polícia Federal.
No dia 15 de setembro, quando os emissários do PT Gedimar Passos e Valdebran Padilha foram presos, em São Paulo,
com R$ 1,7 milhão, o número
identificado pela PF como sendo de uso de Lacerda recebeu
quatro ligações de Oswaldo
Bargas, da equipe de inteligência da campanha de Lula.
A PF registrou também que
desse mesmo celular, em nome
de Ana Paula Cardoso Vieira,
Lacerda teria falado com um
telefone público em Florianópolis ao lado da Confidence,
uma das corretoras de câmbio
investigadas no caso.
O celular que teria sido usado
por Lacerda fez e recebeu, segundo mostram os cruzamentos obtidos pela Folha, diversas ligações para vários telefones do Rio, de onde a PF está
convencida de que saiu grande
parte do dinheiro para o dossiê.
As ligações que Bargas fez
para o número que seria usado
por Lacerda foram todas na
manhã do dia 15, entre 9h56 e
10h45. Gedimar e Valdebran
foram presos horas antes.
Os policiais que cuidam do
caso concluíram que o número
de Ana Paula era usado por Lacerda devido a várias razões. A
PF constatou que havia vários
telefonemas do número em nome de Ana Paula a partir das
mesmas cidades e em horários
próximos a chamadas feitas e
recebidas pelo telefone pessoal
de Lacerda. Ou seja, para alguns assuntos, Lacerda usaria
seu próprio número. Para outros, o de Ana Paula.
Outro fato é que o telefone
de Ana Paula ligava e recebia
chamadas de todos os demais
integrantes da campanha do
presidente Lula envolvidos
com o dossiê (incluindo Jorge
Lorenzetti e Expedito Veloso),
menos de Lacerda.
A PF está convencida de que
foi o ex-coordenador da campanha de Mercadante quem levou o dinheiro do dossiê para
Gedimar e Valdebran.
O cruzamento de informações das operações financeiras
com os registros telefônicos relacionados à negociação do
dossiê revela, segundo a Folha
apurou, a existência de contatos entre pessoas físicas e jurídicas responsáveis pelas transações com dólares e reais sob
investigação da PF com pessoas e empresas ligadas aos
personagens envolvidos com o
escândalo, bem como a escritórios usados pelo PT.
Entre as dificuldades encontradas pela PF para chegar a
uma conclusão capaz de ligar
as operações financeiras aos
investigados estão a existência
de CPFs errados, em duplicidade e homônimos.
A análise feita pela PF envolve 66.256 pessoas, 43.778 contas bancárias, 1,58 milhão de
operações financeiras em reais,
311.039 contratos para compra
de dólar, além de 56.047 números de telefones, por meio dois
quais foram feitas ou recebidas
2,82 milhões de ligações.
Entre as ligações, há telefonemas feitos por órgãos de imprensa, entre os quais a Folha,
para os investigados. As ligações foram após o escândalo.
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