São Paulo, quarta-feira, 01 de novembro de 2006

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Ex-assessor de Mercadante usou telefone "frio", diz PF

Hamilton Lacerda fez ligações de um número em outro nome para os envolvidos no dossiê

A polícia registrou que do celular "frio", o petista teria falado com um telefone em Florianópolis ao lado da corretora investigada

LEONARDO SOUZA
ADRIANO CEOLIN
ANDREA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo, teria usado um telefone "frio" para falar com os petistas envolvidos com a negociação do dossiê contra tucanos, segundo a Polícia Federal.
No dia 15 de setembro, quando os emissários do PT Gedimar Passos e Valdebran Padilha foram presos, em São Paulo, com R$ 1,7 milhão, o número identificado pela PF como sendo de uso de Lacerda recebeu quatro ligações de Oswaldo Bargas, da equipe de inteligência da campanha de Lula.
A PF registrou também que desse mesmo celular, em nome de Ana Paula Cardoso Vieira, Lacerda teria falado com um telefone público em Florianópolis ao lado da Confidence, uma das corretoras de câmbio investigadas no caso.
O celular que teria sido usado por Lacerda fez e recebeu, segundo mostram os cruzamentos obtidos pela Folha, diversas ligações para vários telefones do Rio, de onde a PF está convencida de que saiu grande parte do dinheiro para o dossiê.
As ligações que Bargas fez para o número que seria usado por Lacerda foram todas na manhã do dia 15, entre 9h56 e 10h45. Gedimar e Valdebran foram presos horas antes.
Os policiais que cuidam do caso concluíram que o número de Ana Paula era usado por Lacerda devido a várias razões. A PF constatou que havia vários telefonemas do número em nome de Ana Paula a partir das mesmas cidades e em horários próximos a chamadas feitas e recebidas pelo telefone pessoal de Lacerda. Ou seja, para alguns assuntos, Lacerda usaria seu próprio número. Para outros, o de Ana Paula.
Outro fato é que o telefone de Ana Paula ligava e recebia chamadas de todos os demais integrantes da campanha do presidente Lula envolvidos com o dossiê (incluindo Jorge Lorenzetti e Expedito Veloso), menos de Lacerda.
A PF está convencida de que foi o ex-coordenador da campanha de Mercadante quem levou o dinheiro do dossiê para Gedimar e Valdebran.
O cruzamento de informações das operações financeiras com os registros telefônicos relacionados à negociação do dossiê revela, segundo a Folha apurou, a existência de contatos entre pessoas físicas e jurídicas responsáveis pelas transações com dólares e reais sob investigação da PF com pessoas e empresas ligadas aos personagens envolvidos com o escândalo, bem como a escritórios usados pelo PT.
Entre as dificuldades encontradas pela PF para chegar a uma conclusão capaz de ligar as operações financeiras aos investigados estão a existência de CPFs errados, em duplicidade e homônimos.
A análise feita pela PF envolve 66.256 pessoas, 43.778 contas bancárias, 1,58 milhão de operações financeiras em reais, 311.039 contratos para compra de dólar, além de 56.047 números de telefones, por meio dois quais foram feitas ou recebidas 2,82 milhões de ligações.
Entre as ligações, há telefonemas feitos por órgãos de imprensa, entre os quais a Folha, para os investigados. As ligações foram após o escândalo.


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