O salvamento coletivo de nove dos nomes que seriam indiciados na CPI do Apagão Aéreo do Senado foi medida preventiva do governo para evitar que os acusados de pertencer à "quadrilha" descrita no relatório da comissão resolvessem colaborar com as investigações em curso na Polícia Federal e no Ministério Público sobre desvios na Infraero.
O caso mais emblemático é o da ex-diretora de Engenharia Eleuza Terezinha Lores, nomeada no governo FHC. Ela jamais constou de nenhuma das listas de pessoas que o PT pretendia socorrer até surgir ontem no relatório alternativo do petista João Pedro (AM). Havia rumor de que Eleuza negociava com o Ministério Público entrar em programa de delação premiada.

Sem seguro. Em meio a tantos nomes suprimidos, chamou a atenção o fato de ninguém ter movido uma palha por Denise Abreu. Os dados dos sigilos da ex-diretora da Anac, quebrados, mas protegidos por uma liminar do STF, serão mandados para o Ministério Público e para a Polícia Federal junto com o relatório final da CPI.

Troco. A idéia de incluir a redução das contribuições ao Sistema S na negociação da CPMF foi uma provocação a entidades empresariais que fazem campanha contra o imposto. "É uma chance para que eles, tão mobilizados, dêem sua contribuição para reduzir a carga tributária", espeta um líder governista.

Delete. Vão de mal a pior as relações entre o Planalto e o presidente da Fiesp, animador do movimento anti-CPMF. Em evento público dias atrás, Lula nem sequer cumprimentou Paulo Skaf.

É isso aí. A renúncia do deputado Ronaldo Cunha Lima (PSDB-PB) para evitar julgamento no Supremo por tentativa de homicídio foi o assunto do plenário da Câmara ontem. Numa roda, Paulo Maluf (PP-SP) elogiava a decisão. "Eu acho que não tem de ter foro privilegiado coisa nenhuma", dizia o ex-prefeito, que tanto se valeu desse recurso. "Tem de ir tudo para a Justiça comum, porque demora tanto que quando chegar aqui todos nós já teremos morrido."

Casa de ferreiro. Vanderlei Macris (PSDB-SP) pediu audiência na Comissão de Desenvolvimento da Câmara com quatro ministros de Lula em razões das acusações que a OHL, que ganhou concessões de rodovias federais, enfrenta na Espanha. A empresa também tem contratos com o governo tucano em São Paulo.

Eu sim. Candidato ao Planalto em 2006, Cristovam Buarque recebeu do presidente do PDT, Carlos Lupi, sinal verde para "colocar o nome" no debate sobre 2010.

Ele não. O PDT integra o "bloquinho", cujo candidato é Ciro Gomes (PSB). Mas o senador disse a amigos que, se o PDT for de Ciro, ele apoiará José Serra -no caso, é claro, de o governador paulista ser o escolhido pelo PSDB.

Máquina... O prefeito de Santo André, João Avamileno (PT), convocou por carta servidores da prefeitura a comparecer ontem a uma plenária de apoio à pré-candidatura do deputado petista Vanderlei Siraque. Depois, comandou a reunião pessoalmente.

...azeitada. Escreveu Avamileno: "Você que sempre esteve junto, continue comigo nesta caminhada". A carta foi entregue em casa, e os destinatários tiveram de assinar um termo de recebimento. Depois, o texto foi jogado na intranet da prefeitura. A adversária de Siraque é a vice de Avamileno, Ivete Garcia.

Pegou geral. Na apresentação prévia do programa de TV do DEM, que vai ao ar hoje, a diretora Paula Lavigne disse que a seqüência de cortes rápidos e a câmera nervosa que usou no filme remetem à estética de "Tropa de Elite".

Visita à Folha. Fernando Leça, presidente do Memorial da América Latina, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de José Goldemberg, titular da cátedra do memorial, de Adolfo Melfi, diretor do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina, e de Sircarlos Parra Cruz, gerente de comunicação.

Tiroteio

"Tão rápidos em apontar o dedo para os outros, o PSDB e os chamados "éticos" da Câmara não viram problema no fato de um tucano renunciar para adiar seu julgamento".
Do deputado MAURICIO RANDS (PT-PE) sobre a tímida reação à renúncia de Ronaldo Cunha Lima, que, ao deixar a Câmara, fez o processo em que é acusado de tentativa de homicídio voltar à primeira instância.

Contraponto

Dieta compulsória

A audiência pública que reuniu ex-ministros da Fazenda para discutir a CPMF se estendeu por mais de seis horas. No encerramento, Marco Maciel (DEM-PE) ainda falou por 20 minutos. Até que Flexa Ribeiro (PSDB-PA) implorou ao esguio presidente da CCJ do Senado:
-Presidente, tudo bem que o sr. não gosta de comer, mas a gente gosta...
O debatedor Antonio Palocci (PT-SP) apoiou:
-É verdade. O sr. não sente fome, mas nós sentimos.
Polido, Maciel tratou de acalmar os estômagos indóceis:
-Vocês não almoçaram, mas vão jantar daqui a pouco.


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