|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONTAS PÚBLICAS
Segundo o Tesouro, impasse sobre precatórios permanece
Pitta diz ter fechado acordo
sobre dívida de R$ 8,9 bilhões
MARCIO AITH
de Washington
Ao assinar na noite de segunda, em Washington, um protocolo com a União para o refinanciamento da dívida mobiliária de R$ 8,9 bilhões de São Paulo, o prefeito Celso Pitta (PTN)
passou a dizer ter recebido do
governo federal o atestado de
idoneidade no escândalo dos
precatórios, títulos usados para
pagamento de dívidas judiciais.
"Todo o mal que falaram de
mim com relação aos precatórios caiu por água abaixo", disse
Pitta, acusado pela CPI dos Precatórios e pelo Banco Central
de, quando era secretário municipal da Fazenda, ter emitido títulos com ágio e de ter desviado
recursos obtidos.
Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Fábio Barbosa,
ainda não há definição sobre o
principal ponto de divergência
com a prefeitura paulistana: a
rolagem dos títulos por dez
anos, como determina uma resolução do Senado, ou por 30
anos, como quer Pitta.
A Folha apurou que, em agosto passado, o governo federal e o
município não chegavam a um
acordo sobre a legalidade de todas as emissões feitas para pagamento de dívidas judiciais.
Segundo Pitta, a resolução do
Senado prevê que os precatórios
só poderiam ser refinanciados
pela União em condições favorecidas (em 30 anos e com juros
anuais de 6%) caso tivessem sua
regularidade comprovada.
Havia também, por parte da
prefeitura, receio de que, ao
aceitar uma diferenciação entre
títulos, Pitta estaria reconhecendo que praticou irregularidades.
Para forçar o governo federal
a aceitar sua posição, a prefeitura ameaçou usar suas ações para
atrapalhar o processo de federalização e de privatização do Banespa, vital para o saneamento
das contas públicas federais.
Já a União quer tratamento
menos favorecido para dívidas
sobre as quais pairavam dúvidas. Ontem, Barbosa disse que o
Tesouro tem de seguir a legislação vigente -e a resolução do
Senado determina que os precatórios sejam rolados só por dez
anos, já que a emissão dos papéis teria sido irregular.
O prefeito paulistano assinou
o acordo de Washington por
acidente. Ele está nos EUA negociando a liberação de empréstimos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e
do Bird (Banco Mundial).
Foi procurado por telefone
pelo secretário-executivo do
Ministério da Fazenda, Amaury
Bier, que estava preocupado
com o fim do prazo de vigência
da medida provisória que autoriza a União a refinanciar dívidas de municípios. Caso o protocolo não fosse assinado até
ontem, a MP teria de ser reeditada ou o acordo deixado de lado.
Colaborou a Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Impostos: Governo fecha acordo e adia reforma Próximo Texto: Congresso: ACM rebate FHC e critica excesso de MPs Índice
|