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CRIME ORGANIZADO
Liminar permite que acusado seja orientado por advogado durante depoimento hoje à CPI
Comissão sofre derrota no Supremo
da Sucursal de Brasília
A CPI do Narcotráfico sofreu ontem uma derrota na
Justiça. Liminar do
ministro do STF
(Supremo Tribunal
Federal) Celso de Mello assegurou a um advogado o direito de se
manifestar e de orientar o cliente
durante depoimento à CPI, abrindo precedente a todos os que defendem pessoas investigadas por
CPIs. Isso não ocorria antes.
Ele obrigou a comissão a respeitar normas do Estatuto da Advocacia, de 1994, ao conceder liminar em mandado de segurança
apresentado pelo advogado Carlos de Araújo Pimentel Neto, que
defende o investigador de Campinas Regis Xavier de Souza.
Em outra decisão, o ministro
garantiu a José Corissa Neto, também investigador em Campinas,
o direito de ficar calado quando
houver risco de auto-incriminação. Mello concedeu liminar em
um habeas corpus.
Os dois investigadores são suspeitos de atuar no crime organizado por meio, por exemplo, da
facilitação de fugas, e deverão depor hoje na CPI.
A liminar obtida pelo advogado
de Souza autoriza a ele, expressamente, "permanecer sentado ou
em pé, independentemente de licença (da CPI)".
Pimentel Neto sustentou que,
em depoimento de Souza à CPI
recentemente, em Campinas, ele e
outro advogado foram "violentamente expulsos da sessão", após
contestar uma ordem do presidente da comissão, Magno Malta
(PTB-ES), para que ficassem sentados e calados.
No momento em que prestava o
depoimento, Souza chegou a ser
preso por desacato à autoridade e
foi liberado em seguida, após o
pagamento de fiança.
O relator da CPI, Moroni Torgan (PFL-CE), criticou a decisão.
"Em uma CPI, o advogado não
tem a contradita (direito de contestação). A única função dele é
acompanhar para que não haja
nenhum constrangimento ao
cliente. Ele não pode intervir."
A CPI decidiu ontem descentralizar as investigações. Na próxima
semana, cinco grupos de deputados irão ao Pará, ao Espírito Santo, a Minas Gerais, a Alagoas e ao
Rio de Janeiro investigar as conexões do crime organizado nesses
Estados.
Os deputados decidiram convocar quatro pessoas acusadas de
envolvimento com o crime organizado no Piauí e com a quadrilha
supostamente liderada pelo coronel da reserva José Viriato Correia
Lima, que depôs ontem na CPI.
Foram convocados: José Carlos
Bezerra de Sá, o Mazuca, Paulo
Guimarães, José Carlos Alves de
Souza, o China, e Sigefredo Audízio Pinheiro. O coronel estava depondo até a conclusão desta edição.
Caso Hildebrando
A localização de um revólver calibre 38 que teria sido utilizado
para atingir o motorista Agilson
Firmino dos Santos, o Baiano, vítima do suposto esquadrão da
morte no Acre, levará o Ministério Público Estadual a pedir à Justiça a exumação do corpo dele.
Baiano foi morto no dia 2 de
agosto de 1996. Laudo cadavérico
do Instituto Médico Legal de Rio
Branco afirma que ele levou cinco
tiros -dois dos quais, na cabeça,
teriam sido a causa de sua morte.
Ele teve ainda parte dos braços e
das pernas amputados. A morte é
atribuída ao grupo do ex-deputado Hildebrando Pascoal, por vingança. Pascoal nega.
A Folha apurou que a exumação só depende do resultado oficial do laudo da perícia criminal a
ser feito em duas das cinco balas
que foram retiradas do motorista
no momento da autópsia e que
estão guardadas.
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